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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu transição de governo

Alckmin ganha força como possível ministro da Fazenda

Lula diz que não, mas vice-presidente eleito é considerado a melhor opção para comandar a economia

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Brasília

Aliados próximos a Lula afirmam que Geraldo Alckmin (PSB) voltou a liderar entre os nomes avaliados pelo presidente eleito para a chefia da Fazenda.

Essa preferência pelo vice eleito já foi percebida por integrantes da equipe de transição devido ao crescente interesse de Alckmin por assuntos da economia. Ele anota tudo e pergunta detalhes. Além da PEC da Transição, que prevê licença para gastos fora do teto, passou a estudar uma nova âncora fiscal.

Embora oficialmente tenha negado a intenção de delegar um ministério a seu vice, Lula se vê diante de um xadrez.

De um lado, o petista quer ter uma pessoa de sua confiança e com habilidade para negociar com o Congresso. De outro, não encontra no seu grupo mais próximo alguém com perfil adequado, e bom trânsito no mercado, para chefiar um time de economistas do porte de André Lara Resende e Pérsio Arida.

O vice presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), durante anúncio de novos nomes de grupos técnicos do Gabinete da Transição - 14.nov.2022-Allison Sales/FotoRua/Folhapress

Resende foi um dos pais das privatizações de FHC e Arida, mentor do plano Real.

Até o momento, Alckmin é o único capaz de congregar à sua volta uma equipe desse calibre.

A segunda opção, ainda segundo interlocutores de Lula, seria Alexandre Padilha, que durante a campanha se aproximou do empresariado e teve um resultado considerado "excepcional" pelo petista.

Padilha, no entanto, vem sendo cogitado para comandar a Saúde. Fernando Haddad, outro fiel escudeiro do presidente eleito, vem sendo considerado para a Educação. Nenhum dos dois, entretanto, gostaria de chefiar as respectivas pastas, ainda segundo interlocutores de Lula.

O problema desse movimento de peças é que Lula pensa em ter um ministro "político" em áreas estratégicas –como Economia, Educação e Saúde–, cercado por um secretariado de excelência, com nomes técnicos e de reputação incontestável.

Outra indicação de que Alckmin tem grandes chances de ser o ministro é a concentração de temas relevantes da economia em suas mãos, mesmo comandando a equipe de transição. Nas reuniões de discussão, ele anota tudo e explora os assuntos buscando detalhes.

Coube a ele, por exemplo, a articulação no Congresso pela aprovação da PEC da Transição, uma licença para a retirada de despesas de cunho assistencialista do teto (regra que corrige os gastos de um ano pela inflação do ano anterior).

Nesta terça-feira (15), Alckmin também teve uma reunião com Felipe Salto, atual secretário de Fazenda de São Paulo. Há cerca de dez dias, o próprio vice sondou o economista para saber se aceitaria fazer parte da equipe econômica. Ele é cotado para ser secretário do Tesouro.

Interlocutores de Alckmin e integrantes da transição afirmam que Salto sinalizou positivamente caso receba um convite. Até lá, fica inviabilizada sua transferência para Brasília para trabalhar na transição, cuja sede foi montada no Centro Cultural Banco do Brasil.

Sem sucesso, o ex-deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) chegou a pedir que Salto antecipasse sua saída da Secretaria de Fazenda de São Paulo já para a próxima semana.

No encontro desta terça-feira, Alckmin quis ter a avaliação de Salto sobre a proposta de nova âncora fiscal –que prevê a troca do teto de gastos por uma regra mais flexível.

O secretário de SP defende a revisão do teto, que está na mesma direção da proposta que ele e um grupo de especialistas estão desenvolvendo. Fazem parte desse time advogados e economistas, como Fernando Scaff, Eduardo Walmsley Carneiro e José Roberto Afonso.

Salto estima que o estouro do teto neste ano deve ser da ordem de R$ 150 bilhões. No seu lugar, ele apoia a proposta apresentada pelos técnicos do Tesouro com regras que atrelam a Dívida Líquida do Governo Geral ao crescimento das despesas.

Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

Erramos: o texto foi alterado

​​ ​​Vicente Cândido não tem mais mandato como deputado. Na Câmara, ele atuou pelo PT-SP e não pelo PT-MG, como afirmava a versão anterior do texto. A reportagem foi corrigida.

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