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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Latam defende ampliação antes da chegada da Azul em Congonhas

Presidente da companhia, Jerome Cadier, avalia que mais voos sem a ampliação prévia da capacidade vai prejudicar passageiro

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Brasília

Filho de franceses, Jerome Cadier, 50, é um brasileiro que já cuidou de marcas como Brastemp e Consul. Foi ele quem lançou no país a KitchenAid, famosa marca americana de utensílios de cozinha.

Desde 2013 na Latam, coube ao executivo –um engenheiro industrial que sempre atuou com marketing e vendas– comandar a companhia aérea em seu momento mais crucial, a retomada após o fim de uma recuperação judicial nos EUA.

Agora, com menos custos e menos dívida, ele diz que a companhia deve partir para cima das concorrentes em busca da liderança. "Desde que tenhamos lucro", afirmou.

O presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier - Karime Xavier-26.ago.21/Folhapress

Cadier defende a revisão do preço de combustível praticado pela Petrobras e a manutenção da redução do ICMS no patamar de 17% implementado por alguns estados.

Como a Latam pretende competir agora que saiu da recuperação? Temos todas as condições a partir de agora. Saímos do Chapter 11 [processo de recuperação nos EUA] com uma dívida menor –ela caiu US$ 11 bilhões (cerca de R$ 58 bi) para US$ 7,5 bilhões (R$ 39,6 bi). A vantagem de termos feito esse processo lá fora é que também pudemos renegociar todos os nossos contratos, o que reduziu nosso custo em 35%.

Poderemos, a partir de agora, investir em novas rotas, trazer mais aviões, estamos contratando. A Latam não liderava desde 2015 e, sabe que eu não sei se queremos manter a liderança? (risos)

Como assim? Claro que queremos ser líderes. Mas não a qualquer preço. Não vamos, por exemplo, abrir uma nova rota ou manter um destino que não seja rentável.

Como crescer com o preço das passagens nas alturas? As pessoas falam que a gente ganha muito dinheiro, que não repassa, mesmo com demanda alta. Não é verdade. Aqui é 100% preço de combustível.
Nossa operação depende de seu custo, que está muito caro devido ao preço do combustível, e do crescimento da economia. Quando o PIB cresce 1%, a aviação cresce algo entre 2% e 3%.

A redução do ICMS não teria ajudado? Sim, mas ela ocorreu por meio de decisão de governadores que reduziram as alíquotas para 17%, 18% [abrindo mão dessa receita para estimular a aviação]. Quatro ou cinco estados fizeram isso. Em São Paulo, os resultados foram muito positivos. Tanto que o governador Rodrigo Garcia (PSDB) garantiu que, antes de deixar o cargo, vai assinar um decreto estendendo para manter a redução do ICMS sobre o querosene de aviação em 13,5%.

Isso está combinado com o governador eleito? Creio que não. Mas, independentemente disso, ele quis que a gente usufruísse [do benefício] para que, depois, o novo governo decida [se mantém ou revoga].

As companhias aéreas reclamam da formação de preço da Petrobras, que encarece a passagem. Qual é, afinal, o peso dessa política? A Petrobras fornece para 90% do mercado. Não faz sentido que a gente seja cobrado como se o combustível fosse importado, pagando a mais. Um voo para o exterior fica livre de ICMS, aqui não. Por meio da Abear [associação que representa o setor], a gente já vinha discutindo uma mudança no governo Bolsonaro. Com o governo de transição, falamos superficialmente sobre o tema.

Nossa proposta é que seja cobrado o mesmo preço nos EUA. Aceitamos a manutenção do ICMS sobre o combustível, desde que da Petrobras seja similar ao de outros países [o setor diz que a petroleira cobra 40% a mais só para fornecer o insumo, como se ele estivesse sendo importado]. Se isso fosse feito, teríamos uma redução de 17% nesse custo, que seria repassado para as passagens.

A Azul vai começar a operar com mais força em Congonhas. Isso atrapalha o plano da Latam? A Latam compete em 93% de suas rotas. O que questiono é a forma como a expansão de Congonhas está sendo feita. O aeroporto precisa de investimentos para a ampliação de sua capacidade –mais fingers [as pontes de embarque], mais espaço para check-in, melhor acesso, mais estacionamento.

A Infraero [estatal que administrava o aeroporto, recentemente privatizado] optou em fazer o contrário, ampliando voos primeiro. A gente espera uma aviação que não atrase, sem problema de bagagem, que funcione bem. E eu acredito que isso não vai ocorrer. Vamos ter uma experiência muito ruim para voar em Congonhas.

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