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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Empresários apoiam plano de Haddad, mas com ressalvas

Leitura é de que governo deu passo inicial na redução do rombo nas contas públicas sem planejamento de longo prazo

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São Paulo

O pacote de medidas anunciado nesta quinta-feira (12) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi recebido no empresariado com uma avaliação positiva sobre a proposta para mitigar o déficit, mas há ressalvas.

Lawrence Pih, um dos primeiros empresários a apoiar o PT nos anos 1980, afirma que a intenção do governo é boa, porém, é preciso avaliar até que ponto as projeções da equipe econômica podem se tornar realidade.

"Não será fácil aumentar a arrecadação, pois 2023 sinaliza pífio crescimento econômico no Brasil e recessão mundial", disse o investidor.

Para ele, Lula terá de "navegar com extrema habilidade" para contornar a ala política mais à esquerda –representada por Aloízio Mercadante (BNDES), Nelson Barbosa e Gleisi Hoffmann–, dar autonomia para Haddad e Simone Tebet (Planejamento) e não se afastar do mercado.

"Ele tem de ter um discurso progressista, mas ao mesmo tem de ser comedido em não assustar o motor de crescimento, que é o setor privado. Era mais fácil no primeiro mandato pois [Antonio] Palocci e, principalmente [Henrique] Meirelles, serviam de para-choque. Hoje com Haddad e Tebet é mais difícil, não tem um banqueiro no primeiro escalão para absolver as pancadas", diz.

Laercio Cosentino, da Totvs, pede reformas. "Toda medida que vise a redução do déficit do Brasil tem o apoio de quem pensa no país no médio e longo prazo. Entretanto, precisamos ir além. Faz-se necessário apresentar e implementar um plano que inclua o social, o equilíbrio fiscal e as reformas estruturantes. Governar é saber priorizar", afirma.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Adriano Machado - 12.jan.2023/REUTERS

A Abit (associação da indústria têxtil) pede "uma reforma tributária que seja simplificadora, que reduza litigiosidades e que garanta a sustentabilidade do Estado não pelo aumento de impostos, mas pela indução ao desenvolvimento de nossa economia", diz em nota.

Um dos pilares do plano que gerou desconforto foi o retorno do "voto de qualidade" no Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), tribunal administrativo responsável por julgar casos de discordância entre contribuinte e Receita Federal. O dispositivo, extinto em 2020, assegurava à Receita a manutenção da cobrança tributária em casos de empate no julgamento.

Segundo Haddad, sem o voto de qualidade, o prejuízo à União ultrapassa R$ 60 bilhões por ano.

No grupo de empresários do Esfera Brasil, a mudança é vista como negativa, ideia compartilhada pela Abrasca (associação das companhias abertas), que definiu como "equivocada" a atribuição de aumento na arrecadação ao retorno do voto. A medida, diz a entidade, pode aumentar o conflito judicial e gerar efeito contrário ao esperado por Haddad.

"Não é possível estimar ganhos de arrecadação dessa medida, a menos que se pressuponha interferência nos julgamentos, o que seria uma desvirtuação ainda maior do órgão, nem indicar essa alteração como uma solução para o crescente problema fiscal do país", afirmou a entidade.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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