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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu juros Banco Central Selic

Empresários manifestam preocupação após decisão do Copom

Banco Central manteve taxa básica de juros em 13,75%, o maior desde 2016

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São Paulo

Embora fosse esperada, a manutenção da taxa básica de juros pelo Banco Central em 13,75% nesta quarta (22) eleva o clima de alerta entre empresários.

Há uma avaliação de que é possível aproximar o horizonte de queda da Selic se o governo conseguir baixar os ruídos provocados pela escalada retórica de Lula contra o BC e pelas incertezas sobre a nova regra fiscal.

O banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, ainda diz ter expectativa de mudança. "Apesar de os sinais de inflação ainda não mostrarem arrefecimento, o BC deverá reconhecer o ambiente de crédito altamente restrito em que estamos vivendo e iniciar em breve um afrouxamento", afirma Lacerda.

Flavio Rocha, dono da Riachuelo, chamou de pornográfico o patamar da Selic, reiterando o que disse na segunda-feira (20) o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva. Para o dono da varejista, os juros podem cair se o governo der sinais de austeridade.

"É lógico que há uma taxa pornográfica, como disse o próprio Josué, mas taxa de juros é consequência, não é causa. A taxa de juros é alta em virtude do temor de descontrole fiscal. A forma de baixar é sinalizar que há austeridade e bom senso na gestão das contas públicas. Eu vejo com apreensão tantas sinalizações que vão no sentido da gastança. O caminho para baixar a taxa de juros é mostrar que os gastos públicos estão sob controle. A gente vê no noticiário todas as frentes de gastança andando a todo vapor e nenhuma força para a contenção dos gastos públicos", disse Rocha.

Flavio Rocha é um homem branco com cabelo grisalho. Ele usa um terno preto.
Flavio Rocha, dono da Riachuelo - Victor Parolin - 10.abr.18/Folhapress

José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (que reúne a indústria de plásticos), também demanda sinais do governo. "Há dois vetores agindo simultaneamente para deixar o ambiente de negócios muito confuso: os juros estão muito altos, sem dúvida, mas além disso, ainda não sabemos qual é o plano do governo para se criar as condições para a queda destes juros tão altos", afirma Roriz.

Laercio Cosentino, presidente do conselho da Totvs, pede pressa. "Todos precisam lembrar que precisamos pensar no país no longo prazo com soluções que reflitam estabilidade, credibilidade e crescimento sustentável, mesmo que o remédio seja amargo. Não podemos desperdiçar mais um ano. Não adianta bater no remédio se não temos condições de debelar a doença", afirma Cosentino.

Alexandre Ostrowiecki, da Multilaser, faz analogia semelhante. "Reclamar dos juros altos do Copom é o mesmo que reclamar da dose de Novalgina para um paciente com 40 graus de febre. Assim como a Novalgina não é equivalente à doença, o juro alto é apenas o remédio amargo para a verdadeira doença: descontrole de contas do Estado", diz o empresário.

Para João Amoêdo, a decisão do Copom foi na direção correta. "O BC acerta na decisão e deixa duas mensagens importantes: não se sensibiliza com pressão política, e o novo arcabouço fiscal é determinante para a redução dos juros. Cabe ao presidente da República apresentar uma regra clara e responsável", disse.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) critica a decisão do Copom, mas também pede mais cautela do governo na condução dos gastos públicos. Em nota, a entidade afirma que a medida é "desnecessária para o combate à inflação e apenas traz custos adicionais para a atividade econômica".

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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