Em conversas reservadas, analistas de corretoras e de bancos de investimento questionam se a Unipar tem musculatura financeira suficiente para garantir sua proposta de compra do controle da petroquímica Braskem, hoje pertencente à Novonor (ex-Odebrecht).
Como não estão envolvidas nas negociações, essas instituições miram o sobe e desce das ações e fazem duas perguntas: 1) como a Unipar conseguirá levantar ao menos R$ 10 bilhões no mercado com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações de depreciações) de R$ 2,6 bilhões? 2) Além disso, como conseguirá renegociar mais R$ 4 bilhões em dívidas com os bancos credores e fazer uma oferta pública para comprar outros R$ 7 bilhões em ações dos minoritários da Braskem?
Para eles, a conta fecha em R$ 21 bilhões e não somente R$ 10 bilhões, como divulgado ao mercado.
A Unipar explica ao mercado, no entanto, que é uma empresa sem dívida e que, dessa forma, poderia elevar o endividamento até quatro vezes o seu Ebitda. Ainda assim, diz que seria considerada saudável—pelos seus cálculos, se chegar a esse ponto, consegue levantar R$ 10,4 bilhões com empréstimos.
Diz ainda que a dívida de R$ 4 bilhões se refere à Novonor (ex-Odebrecht), controladora da Braskem. Portanto, não terá de arcar com esse valor.
Sobre os R$ 7 bilhões de tag along (obrigação de estender a mesma oferta dos controladores para os acionistas minoritários interessados em vender seus papéis), a empresa explica que dependerá dos planos da Petrobras na Braskem. Não se sabe em que condições continuará como sócia —e se continuará.
Ao que parece, diz a Unipar ao mercado, a estatal tem interesse em trocar ativos hoje da Braskem por ações, o que reduziria —e muito— o valor dessa operação.
Os analistas, entretanto, continuam incrédulos. Avaliam que o Ebitda da Unipar equivale às despesas que a Braskem teve ano passado somente com a reparação do acidente geológico de Maceió (AL), onde as minas de sal-gema da companhia causaram o afundamento de bairros inteiros.
A Unipar reforça que, se sua proposta não fosse boa, não estaria sendo procurada pelos bancos credores da Novonor que bateram à porta oferecendo linhas de crédito.
Com Diego Felix
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