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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Com fundação nos EUA, Masp mira US$ 1 milhão por ano em doações

Um dos principais museus da América Latina busca capitalização no exterior como forma de se internacionalizar

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Brasília

O Masp (Museu de Arte de São Paulo), que tem alguns dos maiores empresários como membros, tornou-se o primeiro do país a criar uma fundação no exterior, passo para sua internacionalização.

A iniciativa deu certo graças à diretora vice-presidente Juliana Siqueira de Sá, que passou seis anos em conversas com os principais museus do mundo e em negociações com o fisco dos EUA.

Juliana Sá, diretora vice-presidente do Masp
Juliana Sá, diretora vice-presidente do Masp - Mathilde Missioneiro - 02.mar.2023/Folhapress

Operante, a fundação Friends of Masp tem sede em Nova York (EUA) e já passou a receber doações em dólar livres de imposto, o que criará um colchão de reserva para dar novo fôlego a um dos principais museus da América.

Como isso ajuda? Mais de 25% do nosso orçamento vem de doações de pessoas, sendo algumas do exterior. Como não tínhamos uma fundação lá fora, cobrava-se um fee [taxa] de 5% sobre cada doação no exterior. Agora, desfrutamos dos mesmos benefícios de instituições como o Moma e o MET e ficamos livres desse desconto. Entramos numa rota de internacionalização.

Por que exatamente? A contratação de um seguro para uma peça relevante de outro museu, por exemplo, é tão cara em dólar que, muitas vezes, inviabiliza o intercâmbio. Agora, a exportação de exposições curadas pelo Masp também ganha nova projeção.

A conta da fundação funcionará como hedge cambial? Exatamente. Passamos mais de seis anos tentando viabilizar esse projeto. O escritório Cleary Gottlieb, nos EUA, nos ajudou na formatação jurídica e nas conversas com a Receita norte-americana para abrirmos a fundação. As doações para museus estrangeiros são comuns nos EUA, porque elas podem ser deduzidas do imposto de renda. Por isso, já planejamos filiais nos estados da Califórnia, Florida e Texas.

Qual a meta de captação? Por que não pensarmos em, pelo menos, US$ 1 milhão por ano, nos primeiros anos? O dinheiro ajudará a turbinar nosso projetos internacionais e locais, como o Masp Ensino, que oferece cursos de história da arte para escolas com o acervo do museu, e, claro, vai ajudar a reforçar o caixa para as despesas com o prédio novo.

No Brasil, o museu tem um fundo de investimento. Como é o desempenho? Em 2018, foi criado um fundo endowment, que recebe doações de pessoas físicas e os aplica no mercado. As captações hoje estão na faixa de R$ 20 milhões. Esses fundos são bastante comuns no exterior para trazer estabilidade financeira a longo prazo.


RAIO-X

Formação: Graduada em Direito pela PUC/SP, especialização em economia pela FGV, História da Arte pela UP-Buenos Aires.

Carreira: Atuou como advogada nos escritórios Lilla; Huck Advogados; Advocacia Krakowiak. Hoje é sócia em escritório próprio e é diretora vice-presidente do Masp

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