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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Empresas correm risco com aumento de carga tributária e desaceleração do PIB

Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, afirma que cenário atual ameaça empresariado, mesmo com reforma tributária

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Brasília

A economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, reconhece os avanços da economia, mas prevê que a combinação da desaceleração com o aumento de carga tributária nos próximos anos prejudicará a saúde das empresas.

O ministro da Fazenda quer zerar o déficit primário em 2024. É factível?
Prevemos um déficit de 0,9% do PIB. Há inúmeros riscos de execução da política fiscal no curto e médio prazo. Não existem medidas que deem conta do volume arrecadatório que o governo colocou para cumprir essa meta. Além disso, elas exigem coordenação política para aprovação no Congresso.

A economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi
A economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi - Ronny Santos - 27.jan.2022/Folhapress

Qual sua avaliação sobre a economia?
Estimamos um PIB próximo a 2% neste ano e de 1%, em 2024. Temos uma desaceleração em curso em função do controle da inflação. Nesse cenário, o desafio de arrecadação é ainda maior.

A reforma tributária ajuda?
Ela é neutra do ponto de vista da carga, mas há medidas para ampliar em até R$ 160 bilhões o Orçamento de 2024 [com receitas de arrecadação]. Isso é um aumento de carga. Tenho dúvidas de que o país consiga conviver com o desafio de crescimento e uma carga tributária ainda maior. Não sei se as empresas vão suportar custos maiores num cenário de desaceleração. Agora, a reforma é super bem-vinda. Ajuda no crescimento do país.

O presidente Lula reclama dos juros e até fala em acabar com a autonomia do Banco Central. O que acha disso?
O Banco Central é uma instituição criada para o combate à inflação. O foco não é o juro. É a inflação, porque, no longo prazo, ela é deletéria para o crescimento econômico e a distribuição de renda. Temos mais de 20 anos de sistemas de metas. Além da autonomia do BC, tomamos uma outra decisão: viver em um país de inflação baixa, em torno de 3% [meta contínua] com comandos de tolerância para acomodar choques. O Brasil tem fortalecido a institucionalidade do Banco Central e precisa continuar nesse caminho.

O país tem como recuperar grau de investimento neste governo?
Não seria questão de ter espaço, mas de aproveitarmos os espaços. Depende da gente entregar um pouco a agenda que foi colocada. O esforço de consolidação fiscal, a manutenção da meta [de inflação], uma política monetária comprometida com a convergência da inflação para a meta, e o grau de institucionalidade que o país construiu a partir das reformas traçam uma condição favorável para isso. Só não sei se nesse prazo.


Raio-X | Ana Paula Vescovi

Formação: Graduada em Ciências Econômicas (UFES)

Carreira: Santander (desde 2019); Ministério da Fazenda (2018); Tesouro Nacional (2016-2018); Secretária da Fazenda do ES (2015-2016); Senado Federal (2010-2014); Instituto Jones dos Santos (2007-2010); Secretaria de Política Econômica (1998-2007)

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