Com atraso, o Conselho de Ética do Conar, órgão que autorregulamenta a publicidade no país, decidiu, por unanimidade, recomendar ao governo do Distrito Federal a suspensão de uma campanha publicitária questionada por ter conteúdo racista. O resultado, no entanto, é inócuo: o anúncio saiu do ar há três meses.
O que restou da decisão foi uma advertência ao governo de Ibaneis Rocha (MDB-DF) e para a agência Babel. Ainda cabe recurso.
O anúncio, veiculado em julho deste ano, mostrava a imagem de um homem negro cujo cabelo crespo, no estilo "black power", se unia à fotografia de uma árvore em chamas. "Combater queimadas é preservar a nossa própria natureza", dizia a propaganda.
Depois da repercussão negativa, o deputado distrital Max Maciel (Psol) enviou uma denúncia ao Conar, afirmando que a campanha tinha cunho racista e desrespeitoso ao relacionar a imagem de um homem negro e seu cabelo a uma árvore em chamas. As imagens mostravam o cabelo crespo como cabelo queimado.
Procurado pelo Painel S.A., o governo do Distrito Federal disse que a campanha foi retirada do ar há três meses.
Ao Conar, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal disse que a intenção da campanha era conscientizar sobre a preservação da natureza e que "preservar a beleza da natureza é preservar, também, a beleza da nossa origem e da nossa diversidade étnico-cultural".
Em sua decisão, o relator do processo no Conar considerou que o cabelo "black power" não é apenas um penteado, mas sim um símbolo de luta e resistência e que foi utilizado na campanha de forma indevida ao relacioná-lo a um crime ambiental e a uma estética negativa.
Disse ainda que não houve zelo e cuidado com consumidores negros. Tampouco foi levada em consideração a história e cultura afro-brasileira, segundo o Conar.
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