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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Banco Central Itaú

Em briga com Magalu, fundadores do Kabum! pedem que BC congele reestruturação do Itaú

Banco quer separar braço de assessoria de investimento do grupo financeiro

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São Paulo

Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, fundadores da plataforma de ecommerce de tecnologia Kabum!, pediram ao Banco Central que impeça uma reestruturação do Itaú BBA, a quem acusam de ter favorecido o Magazine Luiza na compra do Kabum!.

O movimento dos irmãos subiu o tom das desavenças em torno do negócio bilionário ocorrido em 2021.

Prédio do Banco Central, em Brasília
Prédio do Banco Central, em Brasília - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

No ofício enviado para o Deorf (Departamento de Organização do Sistema Financeiro) do BC, na última sexta-feira (17), os irmãos afirmam que o Itaú BBA, banco de investimentos contratado para fechar a operação, beneficiou um dos donos do Magalu.

Por isso, pedem que o BC não aprove o pedido do Itaú de transferir o controle do BBA para uma outra empresa não regulada pela autarquia.

Ambos alegam que isso blindaria o braço de investimento do Itaú que, ainda segundo eles, estaria tentando obstruir investigações sobre conflitos de interesse envolvendo seus executivos.

Procurado pelo Painel S.A., o Itaú disse que não teve acesso ao ofício. A companhia afirma que as razões para a cisão do Itaú BBA são públicas e não têm qualquer relação com as discussões judiciais relacionadas ao Kabum!.

Os fundadores do Kabum! acusam Ubiratan dos Santos Machado, diretor do Itaú BBA, de ter manipulado a venda da plataforma para beneficiar o Magalu. Eles citam uma relação próxima entre Machado e Frederico Trajano, diretor-presidente da varejista.

A venda do Kabum! para o Magazine Luiza foi realizada em julho de 2021 por R$ 1 bilhão. Os fundadores do Kabum! afirmam, porém, que o Magalu se propôs a pagar, além do R$ 1 bilhão em dinheiro, mais R$ 2,5 bilhões em ações da varejista. Os Ramos se tornariam sócios do Magalu.

Mas, no mesmo dia em que anunciou a compra do Kabum!, o Magalu anunciou também um follow-on (oferta subsequente de ações), que fez o preço da ação cair. Por conta da desvalorização do papel, o negócio, que seria de R$ 3,5 bilhões, acabou ficando por menos da metade do preço, segundo os advogados dos irmãos Ramos.

Caso a cisão do Itaú BBA seja permitida, a defesa dos fundadores do Kabum! pede que o Banco Central, ao menos, ressalve que o braço de assessoria financeira do Grupo Itaú continuará subordinado à avaliação da autarquia.

O Itaú Unibanco informou a seus acionistas, no fim de outubro, que a cisão do Itaú BBA tinha sido aprovada pelo conselho de administração da companhia.

As atividades de assessoria financeira, estruturação e coordenação de operações com títulos ou valores mobiliários seriam transferidas para a Itaú BBA Assessoria. Já as atividades típicas de instituições financeiras ficarão sob responsabilidade da holding Itaú Unibanco.

A proposta será votada na semana que vem em assembleia geral extraordinária.

A defesa dos irmãos Ramos já havia ido à Justiça neste mês para pedir que Ubiratan fornecesse informações como a quantidade de ações de emissão do Magalu em sua posse e adquiridas por ele ou empresa controlada por ele entre 2020 e 2021.

Querem saber ainda se Machado assessorou Frederico Trajano na aquisição da plataforma de ecommerce Netshoes em 2019.

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