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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Folhajus Itaú

Em briga com Magalu, fundadores do Kabum! vão à Justiça contra diretor do Itaú BBA

Irmãos querem forçar diretor do banco, contratado para fazer a venda de sua empresa, a responder se favoreceu Magalu na operação

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São Paulo

Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, fundadores da plataforma de ecommerce de tecnologia Kabum!, foram à Justiça contra Ubiratan dos Santos Machado, diretor do Itaú BBA, banco contratado para encontrar um comprador para a empresa no mercado e que mediou a venda para o Magazine Luiza, em 2021.

Os fundadores do Kabum! acusam Ubiratan de ter manipulado a venda da plataforma para beneficiar o Magazine Luiza.

Em uma interpelação judicial ajuizada neste mês, os advogados dos irmãos afirmam ter recebido uma ligação de um ex-cunhado de Ubiratan que confirmou existir "uma forte relação" entre o diretor do Itaú BBA e Frederico Trajano, diretor-presidente do Magazine Luiza.

Fachada de loja da Magazine Luiza cheia de eletrônicos
Magazine Luiza em Belo Horizonte - Sindilojas BH/ Divulgacao

Na descrição feita pelo escritório Warde Advogados, José Luiz Bayeux Neto, que representa Leandro e Thiago Ramos, diz ter recebido uma ligação de Erickson Justus em outubro deste ano. Segundo ele, Justus foi casado com uma das irmãs do diretor do Itaú BBA.

"Erickson contou que, em virtude do seu casamento já encerrado com Samantha Machado, ele havia tido contato próximo com Ubiratan e Trajano e sabia que os dois tinham uma relação tão estreita, íntima, e afetuosa e uma aliança de interesses profissionais e econômicos tão inquebrantável que seria absolutamente impossível para Ubiratan atuar com independência como mandatário de qualquer pessoa em uma negociação que tivesse como contraparte Frederico Trajano", escreve o advogado.

Em outro momento, a defesa dos irmãos Ramos descreve Trajano e Machado como "carne e unha que não se desgrudam".

A venda do Kabum! para o Magazine Luiza foi realizada em julho de 2021 por R$ 1 bilhão. Os fundadores do Kabum! alegam, porém, que o Magalu se propôs a pagar, além do R$ 1 bilhão em dinheiro, mais R$ 2,5 bilhões em ações da varejista. Os Ramos se tornariam sócios do Magalu.

Mas, no mesmo dia em que anunciou a compra do Kabum!, o Magalu anunciou também um follow-on (oferta subsequente de ações), que fez o preço da ação cair.

Por conta da desvalorização do papel, o negócio, que seria de R$ 3,5 bilhões, acabou ficando por menos da metade do preço, alegam os advogados dos irmãos Ramos.

Segundo eles, Ubiratan Machado já havia sido notificado extrajudicialmente, em 17 de outubro deste ano, para dizer se negociou ações do Magalu. No entanto, não respondeu.

Os fundadores do Kabum! solicitam a Machado, por meio da Justiça, informações como a quantidade de ações de emissão do Magazine Luiza em sua posse, que teriam sido adquiridas por ele ou empresa controlada por ele entre 2020 e 2021. Também querem saber as datas de compra desses papéis e quando foram vendidos posteriormente.

Os irmãos querem saber ainda se Machado assessorou Frederico Trajano na aquisição da plataforma de ecommerce Netshoes em 2019.

Procurado pelo Painel S.A., o Itaú BBA afirma que a venda do Kabum! ao Magalu foi concluída após um processo competitivo, diligente e transparente, para o qual foram convidados mais de 20 interessados, e que os fundadores do Kabum! sempre estiveram à frente das negociações.

"O banco lamenta que a Justiça esteja sendo acionada a partir de informações mentirosas, que pretendem tão somente confundir, constranger e manchar a reputação da instituição e de um profissional que, há décadas, atua de forma ilibada no mercado financeiro. As medidas cabíveis contra essa injusta agressão serão tomadas no tempo oportuno", diz o Itaú BBA.

Com Diego Felix e Paulo Ricardo Martins

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