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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Doria recusa presidência do Santos, defende SAF e afastamento de 'mais velhos'

Ex-governador de SP e ex-conselheiro do clube sugere mais novos no comando e diz que, no momento, a melhor saída é transformá-lo em empresa

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São Paulo

Longe da vida política e de volta à atividade privada, o ex-governador de São Paulo João Doria recebeu apoio de torcedores do Santos para que concorresse à liderança do clube paulista —cuja eleição para a presidência acontece neste sábado (9). Doria diz que recebeu o convite para entrar na disputa, mas recusou.

O ex-tucano não critica abertamente a gestão atual de Andres Rueda. Afirma, porém, que este é o pior momento da história. Além de enfrentar uma grave crise financeira, o Santos corre risco de ser rebaixado, pela primeira vez, à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Nesta quarta (6), joga contra o Fortaleza e precisa da vitória.

João Doria está tirando uma selfie no campo de um estádio de futebol. Ele veste o uniforme do Santos. Ao redor deles, há outras pessoas vestidas com o uniforme do time.
O ex-governador de São Paulo João Doria participa do Futebol Solidário 2021 na Vila Belmiro, em Santos - Divulgação/ Gov. de São Paulo

Para Doria, dirigir o clube exige "intensidade", dedicação em tempo integral. Ele avalia que a principal solução para as dívidas é a adesão à SAF (Sociedade Anônima do Futebol), modelo no qual o Santos se tornaria um clube-empresa, com liberdade para vender ações a empresários. É o que já fazem Botafogo, Cruzeiro e Vasco.

Apoiador da candidatura do ex-presidente santista Marcelo Teixeira, o ex-governador defende ainda a criação de um conselho sênior para figuras mais antigas do time. Segundo ele, os jovens têm o sentimento de modernidade do qual o Santos precisa e, por isso, devem ser ativos nas decisões.

Seu nome foi cogitado como um possível candidato à presidência do Santos?
Sim, e declinei de imediato. Há pessoas com mais condição de fazer essa gestão, que residem em Santos, e podem dedicar tempo integral a essa atividade. Não pode ser uma atividade secundária. Ou é em tempo integral ou não vai funcionar. Fui consultado várias vezes [para dirigir] e disse que não sou a pessoa indicada. Agora que eu voltei para atividade privada, não posso abdicar dessa atividade novamente para mergulhar num projeto com a intensidade da qual o Santos precisa.

Há críticas de que o presidente atual só faz corte de gastos sem aumentar receitas. O senhor concorda?
Eu não faço comentários sobre a gestão, mas, do ponto de vista futebolístico, a obviedade indica isto: é a pior fase do Santos na sua história.

Alguns candidatos à presidência defendem a adesão à SAF [Sociedade Anônima do Futebol]. Seria a única saída?
Não, mas é a melhor. Não vejo outro caminho para o Santos e para o futebol brasileiro que não seja a SAF.

O senhor apoia algum candidato?
Sim, o Marcelo Teixeira. Como um ex-presidente do Santos, ele conhece gestão e futebol. É preciso alguém com experiência nos dois lados.

Como sanar a crise financeira, que deixa o clube no vermelho em R$ 8 milhões todos os anos?
Esse é um déficit pequeno perto da dimensão do clube. As medidas [necessárias] seriam uma gestão de redução dos custos e de otimização de receitas; um estudo dos patrocínios nas diferentes equipes, além do time principal, para potencializar essas cotas [de patrocínio] ao limite máximo. Agora, o clube tem que ser o fator determinante desse valor. O Santos não é precificado. Ele coloca o preço.

Andres Rueda [atual presidente] já reclamou de como "os seres pensantes do time" enxergam a situação. Os conselheiros e dirigentes têm uma visão defasada?
Sou obrigado a concordar com o Rueda nesse caso. Há um atraso, principalmente das pessoas mais antigas e mais tradicionais, sobre como enxergam o esporte. O futebol hoje é um negócio, é uma atividade empresarial. Não é mais um fato do passado, é um tema do presente. Essa visão exige um nível de modernidade. O futebol já não está mais no tempo analógico e uma parte considerável do conselho trabalha no passado. Deveriam criar um conselho sênior só para valorizar a história passada do Santos, que é brilhante e merece ser relembrada, mas deixar uma presença mais ativa no conselho para os jovens, que têm o sentimento de modernidade de que o Santos precisa.

Qual é o principal desafio do próximo presidente do Santos, considerando, por exemplo, que o Santos está fora da Copa do Brasil, o torneio mais rentável do país, e corre o risco de ser rebaixado pela primeira vez em sua história?
Trabalhar, inovar e perseverar. Este é o desafio. Fazer com que o Santos volte a ser o time de grande respeito por sua história, por ter revelado ao mundo o melhor jogador de todos os tempos, o Rei Pelé. O Santos tem a obrigação de se recuperar e dar à torcida a alegria que ela merece. A torcida tem demonstrado solidariedade, principalmente nessa fase mais dura. Ela merece ser recompensada com futebol e uma gestão de qualidade.


RAIO-X

Fundador do Grupo Doria e do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), empresa que promove debates entre representantes dos setores público e privado, João Doria foi prefeito de São Paulo de 2017 a 2018 e governador de São Paulo entre 2019 e 2022.

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