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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu sustentabilidade

CEO do Laces diz que Paraisópolis rende tanto quanto Itaim

Itamar Cechetto, executivo de grupo de salões de beleza e de cosméticos 100% sustentáveis, afirma que negócio dá mais dinheiro que nas redes tradicionais

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Brasília

Itamar Cechetto, que comanda o Grupo Laces é um apaixonado pela natureza e defende que o capitalismo precisa se libertar da dicotomia entre sustentabilidade e lucro. Na COP28, ele e sua mulher, a cosmetóloga Cris Dios, mostraram como sua rede de salões de beleza e de produtos 100% naturais –incluindo tintura para cabelo– se tornou um negócio de sucesso e totalmente neutralizado em carbono.

Ao Painel S.A., ele conta o que falta para que um serviço ainda de nicho ganhe escala.

Itamar Cechetto, CEO do Grupo Laces, rede de salões de beleza - 03.fev.2021-Karime Xavier/Folhapress

Sua rede está nos endereços mais luxuosos do país e também em Paraisópolis. Há renda lá para isso?
Um reflexo [de cabelo] lá é vendido ao mesmo preço do Itaim [bairro nobre de São Paulo]. Se eles fazem isso em Paraisópolis com produtos entre R$ 400 e R$ 600 da Wella ou L'Oreal poderiam fazer conosco. Gasto médio alto não tem que ser só para regiões nobres das metrópoles. Inclusão é você levar o que existe de melhor para quem está disposto a pagar.

Por que produto natural custa mais caro?
Temos produtos a R$ 39. Nossa colaração, a única do mercado que não tem química e é feita de produtos 100% naturais sai a preço competitivo.

Então, por que é difícil massificar?
Tínhamos nossos produtos na Droga Raia, chegamos até o Pão de Açúcar, mas aqui vem o meu lado ativista revoltado, tá? Hoje temos fábrica própria em Curitiba. Não quero meter o pau em ninguém, mas, quando a gente foi fazer nosso primeiro cosmético orgânico, a gente tinha que ajoelhar numa fábrica, que cobrava o dobro da gente. O varejo brasileiro é o ingrediente que falta para fazer acontecer o canal de mercado de beleza limpa.

Quanto esse mercado movimenta?
O mercado global de beleza é de US$ 600 bilhões e ele vai jogar 120 bilhões de toneladas de plástico no lixo, fora os microplásticos das substâncias colocadas nos xampus, os polímeros. O mercado de beleza limpa [que não agride o ambiente] é apenas 4% disso, cerca de US$ 23 bilhões. Só que esse mercado cresce 15% ao ano, enquanto o convencional aumenta 3%.

Marcas tradicionais não se preocupam com essa onda verde?
A gente vê a ‘vegetalização’ das fórmulas de grandes players globais. É igual na indústria automobilística, que parte do carro híbrido até chegar ao carro elétrico. Mas para ter escala, que é o que dá consumo, é preciso usar ingredientes que oferecem margem (rentabilidade).

Mesmo assim o negócio dá dinheiro?
A média da queda de receita nos salões [tradicionais] é de 15%, comparando com o período pré-pandemia. Na nossa rede, crescemos 22%, com alta de quase 40% no tíquete médio (gasto médio por cliente).

Quanto vai crescer?
A gente decidiu acelerar esse processo e criamos o Bioma, marca nossa voltada para salões tradicionais que decidem se converter ao nosso modelo. Queremos chegar a 560 salões vinculados ao Bioma em cinco anos, faturando R$ 700 milhões.


RAIO-X | Itamar Cechetto, 47

Carreira: Publicitário de formação, trabalhou 12 anos com nomes de peso da moda como Gloria Coelho e Carlos Mieli. Como empreendedor, quebrou duas vezes até montar o Laces, grupo que comanda desde 2012.

Com Diego Felix

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