A diferença entre os preços do querosene de aviação (QAV) praticados no Brasil e nos EUA disparou no fim do ano passado, gerando turbulência entre companhias aéreas e a Petrobras na discussão no governo para baixar o preço das passagens.
Dados divulgados pela Petrobras mostram que o preço médio do metro cúbico (1.000 litros) do QAV vendido por ela até no início deste ano era de US$ 616,31 –22,45% maior que a média no mercado dos EUA, de acordo com dados da agência oficial US Energy Information Administration.
As variações fogem do padrão verificado nos últimos meses de 2023 e também do período pré pandemia, quando não havia choques decorrentes, por exemplo, de guerras, como o conflito no Oriente Médio e o confronto entre Rússia e Ucrânia.
Naquele momento, nos meses de novembro e dezembro de 2019, o preço do produto no Brasil foi, respectivamente, 11,3% e 12,9% mais alto do que nos EUA.
Em termos absolutos, a aquisição de um metro cúbico de QAV no Brasil atualmente, mesmo sem a incidência dos custos de transporte e dos impostos, é US$ 138,34 mais cara do que nos EUA.
Na virada de 2019 para 2020, essa diferença era de US$ 66,06 –ou seja, dobrou no período.
Segundo as companhias aéreas, a disparidade entre os valores praticados em janeiro ocorre mesmo com os cortes anunciados pela Petrobras, que, somados, reduziram em US$ 132 (R$ 660) o valor do metro cúbico (1.000 litros) do combustível.
Em dezembro, a IATA (Associação Internacional do Transporte Aéreo) chamou a atenção do governo e da própria Petrobras sobre o mecanismo de precificação da querosene de aviação no Brasil.
A entidade qualificou o combustível vendido no Brasil como "excessivamente alto".
O CEO da Azul, John Rodgerson, foi o que mais atacou publicamente essa política, indicando que o combustível hoje é o item que mais pesa no preço da passagem.
Em entrevista ao Painel S.A., Rodgerson disse que a estatal cobra o combustível vendido no país como se fosse importado, o que ajuda a torná-lo um dos mais caros do mundo.
A Petrobras considera que o preço do combustível não é um item tão relevante como afirmam as empresas.
Em resposta à Azul, a estatal diz ao governo –que discute formas de baixar os preços dos bilhetes– que a companhia exibe ganhos por assento muito acima da média, porque cobrou passagens mais caras no ano passado, mesmo afirmando ter registrado queda de 33% no custo do combustível.
Com Diego Felix
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