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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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'Não sou monopolista', diz CEO da Azul

John Rodgerson rebate concorrentes e afirma que passagem da companhia não é mais cara só porque ele é o único operador em uma centena de cidades

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Brasília

O CEO da Azul, John Rodgerson, começou a incomodar Gol e Latam com sua operação em Congonhas (SP), o aeroporto mais rentável do país. Ali, sua chegada ajudou a derrubar o preço médios das passagens.

Nos outros destinos, onde a Azul opera sozinha, os bilhetes são mais caros, chegando a custar mais que um voo internacional em alguns trechos, como noticiou o Painel S.A.. Para Rodgerson, no entanto, isso não é uma questão de competição.

Imagem mostra John Rodgerson em aeroporto.
O CEO da companhia aérea Azul, John Rodgerson, posa para fotos no aeroporto de Brasília - Pedro Ladeira - 27.mar.23/Folhapress

Por que os preços da Azul são, em média, mais caros?
A diferença com os preços da concorrência é mínima, de R$ 50, R$ 100. É verdade que, às vezes, um voo doméstico é mais caro do que um voo internacional. Eu não nego isso. Mas, muitos desses voos são operados por dois pilotos em uma aeronave de apenas nove lugares. Meus concorrentes têm dois pilotos para 180 lugares. O custo diluído [na concorrência] é muito grande.

Não é uma questão de concorrência?
Sou o empresário mais novo do país [na aviação]. Compro aeronaves fabricadas neste país, tenho voos em 100 destinos para os quais meus concorrentes não voam. Por acaso, sou monopolista porque decidi voar para uma cidade aberta para quem quiser operar? Se a Azul está ganhando milhões de dólares com isso, por que Gol e Latam não compram aeronaves menores e competem comigo? Porque eles sabem como operar nesses aeroportos é mais complicado. Eles fecham mais. Se tiver combustível, é mais caro do que nas capitais.

Vocês estão em Congonhas e, lá, a passagem está mais barata que a da concorrência.
Por vários anos, eles [Gol e Latam] tiveram o subsídio de Congonhas. Eu não tinha tantos slots [agora a companhia possui]. Nessa rota, filé mignon da aviação brasileira, eles podem cobrar o que quiserem.

O combustível ainda impacta muito?
O Brasil é o país do petróleo que tem o combustível mais caro do mundo. E isso em São Paulo. No [estado de] Amazonas custa até cinco vezes mais. No último ano, eu tive que cancelar o voo por causa de capivara na pista. Isso tudo entra na conta.

Há reclamações de que a Reforma Tributária beneficiou a Azul com descontos exclusivos para a aviação regional.
O benefício não é para a Azul, é para a aviação regional, porque abastecer uma aeronave nesses locais é muito mais caro. Além disso, eu só opero em 100 destinos a mais por causa de benefícios fiscais que os governos estaduais concederam. Por isso eu voo para a Serra Talhada (PI), Caruaru (PE), entre outras. Se tirar o benefício, eu vou sair desses locais.
Falam que é uma coisa da Azul, mas qualquer um pode aproveitar, quem quiser ajudar o Amazonas, o Nordeste, o interior do país.
A maneira mais fácil para eles usufruírem do mesmo benefício é voar para cidades menores. Se querem me acompanhar [competir nesses lugares], tudo bem. Mas Gol e Latam, no fundo, só voam para três cidades: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília [que concentram a maior parte dos voos].


RAIO-X

John Rodgerson, 46

Formado em finanças pela Brigham Young University, é um dos fundadores da Azul e diretor-presidente da companhia desde julho de 2017. Antes de ocupar a posição, Rodgerson foi vice-presidente financeiro e diretor de Relações com Investidores da Azul, sendo responsável pelas áreas de Planejamento e Análise Financeira, Tesouraria e Contabilidade da empresa aérea. Também ocupou o cargo de diretor‐presidente da subsidiária operacional da companhia, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A., entre agosto de 2019 e outubro de 2022. Antes de ingressar na Azul, Rodgerson foi diretor de Planejamento e Análise Financeira na JetBlue Airways, além de ter trabalhado para a IBM Global Services.

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