Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.
Descrição de chapéu internet tecnologia

Teles buscam pedágio da internet via Anatel

Agência faz consulta pública para saber se poderá criar uma tarifa para big techs quando consumo de dados crescer demais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

As operadoras de telefonia aguardam que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (UB-MA), crie uma regra obrigando big techs, como Netflix e Amazon, a pagarem um pedágio para circular seus conteúdos. O ministro, no entanto, só pretende convencer as grandes plataformas de streaming a contribuírem com um fundo voltado à massificação da internet.

O ministro das comunicações, Juscelino Filho, em entrevista para a Folha
O ministro das comunicações, Juscelino Filho, em entrevista para a Folha - Gabriela Biló - 26.mar.24/Folhapress

As operadoras afirmam que, como notificou o Painel S.A., Juscelino chegou a dizer que faria essa cobrança durante o Mobile World Congress (MWC) 2024, em Barcelona, na Espanha, o maior evento de telecomunicações do mundo. Via assessoria, o ministro negou ter feito essa promessa à época. Consultado, voltou a negar a criação do pedágio.

Na volta do MWC, Juscelino passou a trabalhar em outra frente: fazer com que os aplicativos, grandes produtores de conteúdo, contribuam com um fundo cujos recursos serão direcionados à expansão da banda larga em lugares remotos.

Por isso, as teles consideram que o ministro esconde o jogo e, na dúvida, passaram a operar junto à Anatel, que, neste momento, mantém uma tomada de subsídios para avaliar se, por sua própria conta —e risco— poderá levar a cobrança de uma pedágio nas redes adiante como forma de compensá-las pelos investimentos que são feitos para suportar o tráfego de filmes e séries sem deixar recursos para a instalação de internet em lugares remotos.

Para o ex-deputado Alessandro Molon, relator do Marco Civil da Internet, essa discussão não deve prosperar de nenhuma forma.

"Defender pedágio na internet é acabar com o marco civil, que, por uma década, nos permitiu ter uma internet livre no país", disse ao Painel S.A..

"A gente já paga [as operadoras] para nos levarem aonde a gente quer chegar. Uma dupla cobrança, seguramente, vai trazer aumento de preços dos serviços de internet. Foi o que aconteceu na Coreia do Sul, único país do mundo que fez isso até hoje."

Molon hoje é diretor-executivo da Aliança pela Internet Aberta, que congrega as big techs e radiodifusores.

Para Marcos Ferrari, presidente da Conexis, associação das operadoras, o setor defende a contribuição para o uso racional das redes.

"Hoje, o investimento do setor fica muito concentrado no aumento da capacidade para atende o consumo de conteúdo das big techs", disse. "A ideia do pedágio é uma retórica autoimune para esconder o cerne do problema, que é a falta de responsabilidade no uso das redes, prejudicando a inclusão digital. A neutralidade somente faz sentido onde não há dominância de mercado, e certamente não é este mais o caso".

Minha posição é pública, diz ministro

Em nota, o ministro disse que sempre foi claro na defesa da taxação das grandes plataformas de internet e que jamais "escondeu o jogo" sobre o assunto. A pasta informa que esse posicionamento é público há meses.

"O ministro defende, desde o início, que as big techs sejam chamadas à sua responsabilidade social de contribuir com o país e que os recursos arrecadados com uma taxação sejam revertidos para financiar ações de inclusão digital, principalmente, em áreas remotas e aos mais pobres", disse.

"Esta é a única proposta que está sendo trabalhada dentro do Ministério das Comunicações. Este é um debate amplo e que envolve muitos interesses e cabe ao Ministério das Comunicações prezar pelo interesse público. Essas informações são públicas e constam em notas à imprensa, releases, artigos, publicações no portal do Ministério e em entrevistas de representantes da pasta para veículos de comunicação. O Ministério ressalta que sempre estará disposto a dialogar com todos os envolvidos."

Com Diego Felix

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.