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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu mercado imobiliário

Incertezas sobre recursos ameaçam financiamento imobiliário

Saque-aniversário em garantia para empréstimos retirou R$ 100 bilhões do FGTS

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Brasília e São Paulo

A classe média será a mais prejudicada na compra de um imóvel financiado caso não haja uma solução para ampliar a oferta de crédito. A Caixa, que concentra 67% dos empréstimos imobiliários, afirma que mira até a securitização de sua carteira habitacional como forma de impulsionar novos contratos.

A situação chamou a atenção do governo, que avalia medidas para tentar conter a sangria de recursos do FGTS, uma das principais fontes de recursos para o crédito habitacional.

Construções em Itapema, litoral de Santa Catarina, um dos pontos mais disputados pelo mercado imobiliário
Construções em Itapema, litoral de Santa Catarina, um dos pontos mais disputados pelo mercado imobiliário - Bruno Santos- 06. mai.24/Folhapress

Projeções do governo indicam que, somente com a lei que permitiu o uso do saque-aniversário como garantia para empréstimos, mais de R$ 100 bilhões saíram do FGTS para bancos comerciais.

Essa modalidade foi criada em lei pelo governo Jair Bolsonaro e, nesse momento, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, tenta revogá-la. A promessa, no entanto, ainda não avançou.

Na caderneta de poupança, que financia a compra de imóveis de valor mais elevado pela classe média, o problema é a sangria de recursos.

Com a Selic elevada (hoje ela é 10,5% ao ano), os correntistas preferem fazer saques para destinar os recursos para aplicações com rendimentos mais elevados.

Em 2023, o saldo da poupança era de R$ 975,8 bilhões, mas houve uma saída líquida de 87,8 bilhões, segundo o Banco Central.

Esse movimento de mais saques do que depósitos se repetiu em 2022, com saídas líquidas de R$ 103,2 bilhões.

A aposta do governo é que, com a queda da Selic abaixo de dois dígitos, a poupança volte a se capitalizar. No entanto, o mercado não acredita que isso ocorrerá a tempo de impulsionar a habitação.

Recentemente, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, afirmou que não há perspectivas [de recursos] que permitam avaliar como será a oferta de linhas no próximo ano.

Para tentar reverter esse quadro, o banco disse que ampliou a captação em Letras de Crédito Imobiliário (LCI), instrumento também utilizado como funding [lastro] para a habitação do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).

"A partir do movimento de redução da taxa básica de juros, pode haver oportunidades, a depender do patamares de curvas de juros futuras, de securitização da carteira de crédito imobiliário para distribuição no mercado de capitais, o que vem sendo estudado pelo banco", disse a Caixa, em nota.

Em relação ao FGTS, que define teto para o valor dos imóveis, a Caixa informa que houve aumento da oferta de recursos para os agentes financeiros neste ano. Neste ano, o banco projeta um crescimento entre 8% e 12% na carteira habitacional.

"Para 2025, a manutenção do crescimento previsto em 2024 dependerá do comportamento da poupança, dos níveis de juros básicos e da possibilidade de securitização da carteira imobiliária."

Com Diego Felix

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