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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu PIB

Regalias tributárias representam quase metade das isenções, diz Unafisco

Levantamento da associação de auditores fiscais revela que R$ 366 bilhões foram gastos em privilégios tributários sem comprovação de retorno

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Brasília

A Unafisco Nacional, que representa auditores da Receita Federal, lança nesta semana a nova edição do Privilegiômetro Tributário, um levantamento do gasto tributário brasileiro que, para a associação, deveria ser cortado diante da falta de comprovação de sua efetividade para o desenvolvimento do país.

Setores da indústria, representados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pela Fiesp (Federação da Indústria de São Paulo), discordam e afirmam que os subsídios de que usufruem são fundamentais para a geração de emprego.

De acordo com o documento, que será enviado para a equipe econômica, o país abriu mão de R$ 789,6 bilhões em receitas neste ano, um aumento de 46,9% em relação ao ano passado.

Fachada do prédio da Superintendência da Receita Federal em Brasília (DF) - 04.jan.202-Antonio Molina/Folhapress

O valor, segundo a nota técnica obtida pelo Painel S.A., inclui isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, conforme os dados do Demonstrativo dos Gastos Tributários (DGT) e "omissões", rubrica em que, segundo a Unafisco, entram as regalias fiscais.

Segundo a Unafisco, oito tipos de gasto tributário foram considerados regalias por não haver comprovação da efetividade dos ganhos para o país ao conceder os benefícios para os setores. Juntos, eles representaram 46% do total –cerca de R$ 366 bilhões.

Nesse grupo foram considerados os lucros e dividendos distribuídos por empresas com isenção (R$ 160,1 bilhões); a não instituição do Imposto sobre Grandes Fortunas (R$ 76,46 bilhões); a Zona Franca de Manaus (R$ 31 bilhões); os programas de parcelamentos especiais, os chamados Refis (R$ 29,4 bilhões); isenções a entidades filantrópicas (R$ 19,75 bilhões); Sudene e Sudam (R$ 23,58 bilhões e R$ 15,4 bilhões, respectivamente); benefícios para o setor de produtos químicos e farmacêuticos (R$ 10,8 bilhões).

Uma emenda à Constituição de 2021 impôs um limite de 2% do PIB para os benefícios fiscais e determinou a apresentação de um plano de redução gradual desses benefícios.

No entanto, alguns dos maiores benefícios, como a desoneração da cesta básica e o Simples Nacional, foram excluídos do cálculo.

A Unafisco considera que ambos oferecem regalias a setores que não deveriam estar usufruindo do benefício. No Simples Nacional (R$ 125,4 bilhões em gastos), empresas com faturamento elevado não contribuem significativamente para a geração de empregos. Na caso da cesta básica, cujo gasto é de R$ 39 bilhões, o benefício vai para contribuintes com maior capacidade contributiva.

A equipe econômica tenta fazer uma revisão desses gastos, mas enfrenta forte pressão dos setores beneficiados junto ao Congresso Nacional.

O aumento do gasto tributário foi um dos pontos mais criticados pelos ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) que, na semana passada, julgaram o parecer das contas do primeiro ano do mando do presidente Lula.

Com Diego Felix

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