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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Em guerra com bilionário da Bolsa, Rossi suspeita de juiz

Fundadores dizem que Silvio Tini usa empresas ligadas a ele para exercer comando da construtora e dizem que árbitro já atuou em centenas de processos de empresário

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Brasília

Os fundadores da Rossi Engenharia, uma das mais tradicionais do país, travam uma disputa arbitral com o bilionário Silvio Tini de Araújo, a quem acusam de burlar regras do mercado financeiro para controlar a companhia, agora levantam suspeitas de que o juiz do processo é próximo ao empresário.

A construtora tem ações na Bolsa e está em recuperação judicial com uma dívida de cerca de R$ 1,3 bilhão.

O empresário Silvio Tini de Araújo
O empresário Silvio Tini de Araújo - Zanone Fraissat - 19.abr.2013/Folhapress

Na petição, os advogados da Rossi afirmam que Guilherme Setoguti, único árbitro nomeado até que a comissão julgadora seja constituída, atuou em mais de 200 processos de grupos empresariais como Fazendas Nacionais Participações e a falida mineradora Buritirama S/A, comandados por Silvio Tini e seu filho, João José de Araújo.

A conta não foi paga e o advogado, junto com os demais colegas de escritório, tornaram-se credores do grupo com uma dívida nominal de cerca de R$ 500 mil.

Os Rossi reclamam que, em nenhum momento, Setoguti cumpriu seu dever de informar conflito de interesse, uma exigência da Lei de Arbitragem —algo que, na Justiça, pode anular todo o processo.

Consultado, Setoguti não quis se manifestar porque o processo segue em sigilo.

Amigos, no entanto, afirmam que, na época, Silvio Tini já tinha se retirado da mineradora por desavenças graves com o filho, motivo pelo qual não haveria conflito de interesse de Setoguti no litígio arbitral.

Os representantes da Rossi afirmam ainda que diversos veículos de investimentos ligados a Silvio Tini atuam em aliança com o empresário para implementar a tomada de controle da Rossi.

Especula-se que, juntas, essas pessoas teriam mais de 25% das ações, o que, segundo as regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), exigiria uma oferta pública de ações. No conselho de administração, esse grupo já seria maioria.

Com uma fortuna estimada em R$ 3,8 bilhões pela Forbes, Tini de Araújo é dono do Grupo Bonsucex, que investe em companhias de capital abertos. Entre elas, estão Alpargatas, Terra Santa, Paranapanema, Gerdau, Bombril, entre outras.

Recentemente, ele foi inabilitado por cinco anos pela CVM por insider trading (operar com informações privilegiadas) —o que ele nega.

Durante esse período, ele não poderá exercer cargo de administrador ou conselheiro fiscal de companhia aberta.

Consultado, Silvio Tili disse que não é parte do processo arbitral e, ainda que fosse, não poderia se manifestar considerando o caráter sigiloso desses processos.

Com Diego Felix

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