Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Pedro Diniz

Confira o que oito marcas da 45ª São Paulo Fashion Week devem mostrar

Coleções têm como norte raízes brasileiras, movimentos migratórios e questões socioambientais

As coleções que serão desfiladas na São Paulo Fashion Week, semana de moda que dá início à sua 45ª edição neste sábado (21) e se estende até a quinta-feira (26), têm como norte as raízes brasileiras, os movimentos migratórios e as questões socioambientais do país.

Pluralidade cultural e de gênero também devem ser motes desta edição, cujo calendário traz três marcas estreantes e homenageará o estilista Conrado Segreto (1960-1992), nome forte do estilo nacional das décadas de 1980 e 1990.

Uma exposição de fotos na qual modelos aparecem vestidas com peças do designer paulistano foi montada no Pavilhão das Culturas Brasileiras, onde ocorre a maioria dos desfiles.

Saiba, a partir das inspirações e dos croquis de oito estilistas, o que esperar desta temporada, batizada de “Pow! Explosão Criativa”.

​Osklen

Porta-voz da sustentabilidade aplicada à moda, a grife carioca elevará o conceito de ecologicamente correto em sua passarela. Na coleção de inverno 2018, a ser desfilada na segunda-feira (23), o diretor criativo Oskar Metsavaht colocará na passarela todo o rol de matéria-prima sustentável disponível. Além de algodão certificado, haverá malha com fibra PET, tricô feito com sobras de coleções passadas, couro de pirarucu, solados de cascas arroz, seda orgânica tingida naturalmente e jeans com redução de consumo de água. Espécie de manifesto, intitulado A.S.A.P, acrônimo de “as sustainable as possible” (tão sustentável quanto possível), a coleção comemora 20 anos do lançamento da primeira camiseta de algodão orgânico da marca.

Ronaldo Fraga

Um dos designers que melhor traduz a cultura nacional em roupas, o mineiro foi parar em Barra Longa, no interior de Minas Gerais, para gestar a coleção que será desfilada na quinta-feira (26). Ele se uniu a bordadeiras do coletivo “Aranhas da Barra”, atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), para tecer peças tingidas com os tons terrosos da paisagem destruída pela lama despejada no desastre de 2015. As 32 mulheres do grupo se revezaram no trabalho de bordar, costurar e transformar tragédia em beleza.

A.Niemeyer

A marca paulistana A. Niemeyer, das estilistas Renata Alhadeff e Fernanda Niemeyer, irá apresentar seu inverno 2018 na quarta-feira (25). Elas pescaram referências na paisagem invernal e nos surfistas que enchem a região de Montauk, no estado de Nova York (EUA). Contato com a natureza e equilíbrio da alma com o corpo são os motes propostos pela marca, que fez parcerias com a joalheria Tiffany & Co., a marca de calçados Converse e a indústria têxtil Vicunha.
 

Lenny Niemeyer

Símbolo da moda praia chique do país, a estilista Lenny Niemeyer levará seu alto verão 2019 à passarela da SPFW. O tema Riquezas Naturais do Brasil explora proporções leves e fibras naturais como a seda, o linho e o algodão. Os tons de palha que identificam o “beachwear” de luxo da designer se misturam aos pontos de luz coloridos, com variações de laranja, verde, amarelo, azul e lilás. Todas as peças chegam às lojas e ao ecommerce da marca já em agosto deste ano.

Uma

Na esteira dos movimentos migratórios pelo mundo, inclusive os do Brasil, a estilista Raquel Davidowicz propõe mix de materiais, assimetria nas dobras das roupas, emendas e barras inacabadas. Náilon, seda, sarja de algodão e lãs feltradas integram a mistura que, quando finalizada, remete ao conceito de nomadismo. Pulseiras, anéis e brincos de borracha reciclada —a reutilização de matéria-prima é um dos destaques da coleção— arrematam os looks, cheios de amarrações.

Cotton Project

Como deixar sua velha vida para trás? É essa a pergunta que o estilista Rafael Varandas faz em sua coleção, cujos traços preservam o viés urbano da grife mas também propõem um equilíbrio com a natureza, ou, segundo ele diz, uma fuga bucólica. Questionar a modernidade e reaproveitar a estética analógica do passado é o meio que a grife encontra, desde o início de sua curta trajetória, de falar com a clientela jovem e, ao mesmo tempo, reverenciar peças simples e reais.

Ratier

O resgate dos anos 2000 e seu híbrido de minimalismo rígido com “streetwear” norteiam a coleção de Renato Ratier, que apresenta suas roupas na quinta-feira (26). A cartela passeia dos tons cítricos aos sóbrios, comuns à marca paulistana. Náilon, malharia, linho, couro e moletom são alguns dos materiais usados nas peças, amplas na parte superior e secas na inferior. Ombreias, jaquetas perfecto e gola alta também compõem a coleção do estilista e DJ, que também tira do limbo as coleiras e os óculos coloridos de outrora.

Fabiana Millazzo

São raras as grifes do calendário da São Paulo Fashion Week que enveredam pela cultura latino-americana em suas coleções. O verão 2019 de Fabiana Milazzo, que será desfilado na terça-feira (24), carrega a herança estética das comunidades das ilhas flutuantes de Uros, na cidade de Puno. Os trajes coloridos e o artesanato locais dão o tom do “handmade” proposto pela mineira, que mostrará peças feitas, por exemplo, com a seda rústica da tecelagem paranaense O Casulo Feliz.

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