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Rap revoluciona as periferias do interior da Bahia

Coletivo de Bom Jesus da Lapa quer provar que estilo musical vai além do Sudeste

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Júlia Vieira Souza

Rapper, graduada em educação física, é pedagoga e pós-graduada em psicopedagogia institucional e clínica. Tem especialização em história e cultura afro-brasileira

Nathalia Purificação

Graduanda em comunicação social, é jornalista, fotógrafa, assessora de comunicação da Conaq e Via Campesina Brasil

Há pouco mais de um mês, jovens do interior da Bahia se organizam coletivamente para fazer a revolução e propagar a palavra do rap. Formado pela maioria negra e periférica, esses meninos e meninas se reúnem frequentemente e traduzem suas realidades em suas canções.

Com origem na cidade de Bom Jesus da Lapa, interior do oeste baiano, o coletivo Rap Lapense nasce a partir da indignação pela falta da valorização da cultura e da arte.

São jovens engajados e talentosos que, apesar das dificuldades que os circundam, transformam suas alegrias, frustrações, sonhos, planos e conquistas em letras encorajadoras e com vertentes revolucionárias. São vozes que trazem esperança em cada beat, rima e em cada verso para as suas comunidades e para o seu povo.

Edi Rock em show do Racionais MC's no Espaço das Américas (zona oeste de São Paulo)
Uma das inspirações do coletivo é o Racionais MC's; na foto Edi Rock em show do no Espaço das Américas (zona oeste de São Paulo) - Rafael Strabelli - 23.abr.2022/Divulgação

O rap no Brasil surge dentro das periferias e se expande de uma forma consciente e revolucionária, abrindo a possibilidade de mudar o cenário da música no país e trazer suas denúncias em forma de rima.

Apesar das dificuldades, o rap vive e resiste a cada dia e se transforma em realidade, assim como o coletivo, que se engaja diariamente para promover projetos que abrem espaço para a cultura negra e periférica brasileira.

É transvertendo em música as suas realidades que esses jovens fazem política e discutem raça, gênero e classe.

O crescimento do coletivo é notável e os integrantes estão à procura de oportunidades para transformar o grupo em uma associação, em busca de colaboradores para que a caminhada contra a opressão e a favor da arte cresça e evolua. Os jovens também carregam o objetivo de fazer oficinas e projetos sociais para ajudar crianças, jovens e adultos da periferia a encontrar um trilho que traga esperança e dias melhores.

Por virem de uma terra onde as manifestações cristãs são muito fortes (Bom Jesus da Lapa sedia a 3° maior romaria do Brasil), esses jovens MCs são, muitas vezes, vistos com olhares preconceituosos não só da população, mas também dos governantes da cidade. Fazer rap no Nordeste do Brasil é desafiador e vai contra estereótipos --o estilo musical é bem mais popular na região Sudeste.

Composto por 25 integrantes, o coletivo Rap Lapense é hoje uma família que carrega uma identidade muito forte e domina várias vertentes do rap, como o Boom Bap, o Drill, o Trap, o Jazz e o acústico. Para lançar músicas, os MCs contam com a colaboração de um estúdio independente da cidade, o Black Music, que grava, masteriza e faz mixagem dos sons.

Inspirados em nomes como, Racionais, Sabotage, MV BILL e outros, o co letivo Rap Lapense tem a proposta de representar o rap feito nos interiores do Nordeste, mais especificamente na Bahia, e representar a verdadeira música popular brasileira.

Com a intenção de mudar a cena e mostrar que não são somente os centros urbanos do Sudeste brasileiro que fazem esse estilo musical e que fomentam a cultura e arte de sua região, o coletivo vem mover as estruturas e modificar realidades antes reputadas como uma cultura marginalizada.

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