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O ingresso para o show da Taylor Swift é barato?

Apesar dos valores, as filas, reais e virtuais, são consideráveis

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Mauro Rodrigues

Professor de economia na USP e autor do livro "Sob a Lupa do Economista"

Ingressos para o show da Taylor Swift em São Paulo vão de R$ 325 a R$ 1.050, no valor da entrada inteira. Para o show no Rio, os preços são um pouco menos salgados, mas não deixam de ser um valor substancial. Por isso você pode estar achando no mínimo estranho o título desse artigo, dado que o salário mínimo do Brasil está na casa de R$ 1.300 por mês. Mas se trata de uma provocação, como explico abaixo.

Apesar desses valores, tivemos filas de tamanhos consideráveis, tanto para comprar o ingresso pela internet como para os poucos ingressos disponíveis nas bilheterias físicas. Quando há fila, há mais pessoas interessadas em comprar pelos preços estabelecidos do que o número de lugares disponíveis. E, no caso de Taylor Swift, essa diferença é abismal.

Na presença de filas, é possível aumentar o preço e ainda assim vender todos os ingressos. E, assim, aumenta-se a receita associada ao show. Isso porque algumas pessoas deixariam a fila por causa do valor mais elevado –seja porque não valorizam o show tanto quanto os demais, seja porque não têm dinheiro para pagar. Taylor Swift, assim, poderia ganhar mais dinheiro cobrando valores mais elevados.

Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia, colocou uma pergunta parecida em um artigo no jornal The New York Times, ao questionar se Taylor Swift é mal paga. Só que ele discute outras implicações. Aqui o foco é na questão da fila e do preço do ingresso.

Então, se dá para ganhar mais dinheiro, por que não aumentar o preço? Minha opinião é que, se o preço fosse muito alto, somente quem tem muito dinheiro poderia comprar o ingresso. A grande massa que compõe a base de fãs de Taylor Swift seria alienada. E essas pessoas são importantes para gerar receita em outros produtos associados à cantora.

Mantendo os preços baixos, dá-se pelo menos uma chance a quem não tem tanto dinheiro assim. Nesse caso, a pessoa compra não apenas com dinheiro mas com seu tempo: precisa esperar o momento certo para comprar online, tentar entrar com perfis diversos, tudo para ver o ídolo de perto; ou aguentar sol e chuva nas bilheterias físicas.

E, ao fazer com que as pessoas paguem com seu tempo, equaliza-se um pouco as coisas entre ricos e pobres. Afinal, o dia tem 24 horas para todo mundo. Na verdade, os mais ricos levam desvantagem nessa dimensão: como tendem a ganhar salários mais elevados, abrir mão do tempo de trabalho para correr atrás do ingresso acaba saindo "mais caro" para eles.

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