Preto Zezé

Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.

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Transatlântico quase afundou em Cannes por falta de diversidade

Cannes foi confrontada com a realidade de dialogar com causas e protagonistas

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Minha primeira experiência no Cannes Lions foi como embarcar em um transatlântico de criatividade com as principais agências e anunciantes do mundo. A ideia era observar as dinâmicas para assimilar os desafios que o universo da publicidade enfrenta. E, sem dúvida, a diversidade é o maior deles.

Já do convés vi que diversidade era tema presente. Cannes foi confrontada com a realidade incontornável de dialogar com causas e seus protagonistas: mulheres, membros da comunidade LGBTQIAP+ e pessoas pretas.

No Brasil, antes de o navio partir, a chapa esquentara com a flagrante ausência de pessoas pretas no júri que representaria o país. Inacreditável, afinal as marcas dialogam com seus consumidores através da diversidade. Fica claro que o discurso não é posto em prática nos escritórios, onde não se vê diversidade em cargos de comando.

Faixa contra combustíveis fósseis colocada pelo Greenpeace durante o Festival de Criatividade Lions, em Cannes - Eric Gaillard/Reuters

O desafio do ESG tem no S sua barreira mais difícil, dada a realidade escravocrata do país, o que impacta na percepção, na prática e na conduta de marcas, empresas e agências.

Ao desembarcar na Inkwell Beach Cannes, presenciei debates como "Onde a criatividade inclusiva começa é onde as marcas vencem" e conheci muitas pessoas potentes.

Para marcar nossa participação, fizemos uma foto que promete iniciar um movimento de ocupação irreversível do tapete vermelho. Um agradecimento especial aos tripulantes da viagem: Dilma Campos, CEO da Outra Praia, Raphaela Martins, Program Manager Creative X Meta, Joana Mendes, presidente do Clube de Criação, Felipe Silva, fundador da Agência Gana, Heloísa Santana, presidente da AMPRO, Anderson Vieira, diretor de criação da agência Africa, Patricia Moura, head de content da agência GUT, Gabriela Rodrigues, head de cultura e impacto da agência Soko, Heitor Caetano, diretor de criação da DPZ&T, Júlio Beltrão, diretor artístico da Mynd, Spartakus, Creator, e Peter de Albuquerque, head de cultura e criatividade da Ambev.

Em quase sete décadas, o Cannes Lions ouviu pela primeira vez duas mulheres pretas brasileiras em suas apresentações: Raphaella Martins e Joana Mendes. No painel "Todos precisam de um lugar à mesa"), as executivas falaram sobre os desafios que enfrentaram e enfrentam na indústria da comunicação.
Elas estavam ao lado da ativista Cynd Gallop, CEO da MakeLoveNotPorn, que sugeriu que o festival entregasse a praia de Cannes à diversidade. O presidente do festival, Simon Cook, ouviu tudo com atenção. Esperamos melhorias para 2023!

Encerrei minha participação ao lado dos meus irmãos da Digital Favela, Perifa Lions, Kondzilla e Edu Lyra.

O próximo desafio é levar ao festival um espaço preto e de favela que o mundo jamais viu.

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