Foram tantos os obstáculos nos últimos anos, que parecia que não ia mais sair. Mas o IBGE concluiu a missão e divulgou na última quarta-feira os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022, com a contagem da população e domicílios. Veremos nas próximas semanas e meses outras divulgações com ricas informações sobre a população residente no Brasil.
As dificuldades para realizar a pesquisa mais abrangente do país começaram há alguns anos. Houve o cancelamento da contagem enxuta no meio da década passada, o início da pandemia de Covid-19, restrições orçamentárias e um cenário político polarizado, que gerou desconfiança e aumento da recusa por parte da população.
Com a impossibilidade de conclusão em 2022, o fechamento ficou a cargo da nova gestão, que vestiu a camisa (ou, literalmente, o colete do IBGE). A liberação de crédito extraordinário viabilizou a divulgação e os esforços específicos para atingir áreas com maiores restrições, como terras indígenas, favelas e condomínios de luxo.
Apesar de todos os esforços, 4,2% dos domicílios não participaram. Porém, como de praxe nesse tipo de pesquisa, o número de residentes nesses domicílios foi estimado por métodos estatísticos, garantindo a representatividade dos resultados.
Cada dificuldade foi firmemente enfrentada pelos servidores e recenseadores, resultando na pesquisa finalizada, mesmo com dois anos de atraso. Um Censo que pode revelar quem são e onde e como vivem os 203 milhões de residentes do país.
Este número surpreende por estar abaixo do esperado. Seguindo as projeções do Censo 2010, esperaríamos 10 milhões a mais de pessoas. Talvez, se houvesse atualizações sobre a fecundidade, afetada por eventos históricos da década, como pandemia e a zika, o resultado não seria tão surpreendente. Aguardamos as informações adicionais para explicar as características dessa população que não cresceu como o esperado.
Vale a pena o esforço para recensear o Brasil? Vale investir em uma operação colossal para contar cada residente no território nacional?
A relevância do Censo vai além da curiosidade de saber quem somos e onde vivemos. Sem essas informações, a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas efetivas são tarefas impossíveis. Além disso, o Censo desempenha papel crucial na distribuição de recursos do governo federal para estados e municípios, dando aos de maior população acesso a mais verbas.
Portanto, vamos brevemente celebrar a conclusão do Censo. Agora começa a próxima etapa: utilizar esses dados para melhorar a vida dos brasileiros.
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