Priscilla Bacalhau

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Priscilla Bacalhau
Descrição de chapéu Censo 2022

O Censo como ferramenta para políticas públicas

Agora a próxima etapa: utilizar os dados para melhorar a vida dos brasileiros

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Foram tantos os obstáculos nos últimos anos, que parecia que não ia mais sair. Mas o IBGE concluiu a missão e divulgou na última quarta-feira os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022, com a contagem da população e domicílios. Veremos nas próximas semanas e meses outras divulgações com ricas informações sobre a população residente no Brasil.

As dificuldades para realizar a pesquisa mais abrangente do país começaram há alguns anos. Houve o cancelamento da contagem enxuta no meio da década passada, o início da pandemia de Covid-19, restrições orçamentárias e um cenário político polarizado, que gerou desconfiança e aumento da recusa por parte da população.

Com a impossibilidade de conclusão em 2022, o fechamento ficou a cargo da nova gestão, que vestiu a camisa (ou, literalmente, o colete do IBGE). A liberação de crédito extraordinário viabilizou a divulgação e os esforços específicos para atingir áreas com maiores restrições, como terras indígenas, favelas e condomínios de luxo.

Recenseadores do IBGE e integrantes do Instituto DataFavela e da Central Única das Favelas (Cufa) trabalham conjuntamente para reduzir o percentual de domicílios que não responderam ao Censo - Jardiel Carvalho - 25.mar.23/Folhapress


Apesar de todos os esforços, 4,2% dos domicílios não participaram. Porém, como de praxe nesse tipo de pesquisa, o número de residentes nesses domicílios foi estimado por métodos estatísticos, garantindo a representatividade dos resultados.

Cada dificuldade foi firmemente enfrentada pelos servidores e recenseadores, resultando na pesquisa finalizada, mesmo com dois anos de atraso. Um Censo que pode revelar quem são e onde e como vivem os 203 milhões de residentes do país.

Este número surpreende por estar abaixo do esperado. Seguindo as projeções do Censo 2010, esperaríamos 10 milhões a mais de pessoas. Talvez, se houvesse atualizações sobre a fecundidade, afetada por eventos históricos da década, como pandemia e a zika, o resultado não seria tão surpreendente. Aguardamos as informações adicionais para explicar as características dessa população que não cresceu como o esperado.

Vale a pena o esforço para recensear o Brasil? Vale investir em uma operação colossal para contar cada residente no território nacional?

A relevância do Censo vai além da curiosidade de saber quem somos e onde vivemos. Sem essas informações, a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas efetivas são tarefas impossíveis. Além disso, o Censo desempenha papel crucial na distribuição de recursos do governo federal para estados e municípios, dando aos de maior população acesso a mais verbas.

Portanto, vamos brevemente celebrar a conclusão do Censo. Agora começa a próxima etapa: utilizar esses dados para melhorar a vida dos brasileiros.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.