Priscilla Bacalhau

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

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Priscilla Bacalhau
Descrição de chapéu Todas

Um retrato da nossa educação infantil

Pesquisa do ministério mostra que 44% das cidades têm fila para creches

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Quando uma criança vem ao mundo, uma série de desafios se inicia para quem cuidará dela.
A mãe passa por mudanças físicas e emocionais ao mesmo tempo em que tenta manter o bebê saudável. Com sorte, ela dedicará 100% do seu tempo à criança, com apoio de uma rede forte. Mas as dificuldades do dia a dia podem ser potencializadas quando chega a hora da mãe —ou dos responsáveis— voltar ao trabalho. E agora, quem cuida da criança?

Para quem pode pagar, babás ajudam a manter a rotina. Recorrer a parentes próximos é uma opção. Para muita gente, creches e escolinhas são a alternativa, independentemente da qualidade ofertada. Mas a realidade é que essa opção não está disponível a todas as mães.

Levantamento inédito divulgado pelo Ministério da Educação nesta semana mostra que 44% das redes municipais reportam filas por vagas em creches, enquanto 7% das redes sequer registram se há fila de espera. Todas as cidades participaram da pesquisa, por meio de questionário respondido por suas secretarias de Educação.

Segundo as informações fornecidas, há 632 mil crianças em fila de espera por vaga em creche e 78 mil em idade de pré-escola que não frequentam a escola. Mas o tamanho dessas filas pode estar subestimado.

Sala de crianças com até 1 ano de idade em creche em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

Quatro em cada dez municípios registram a fila por creche e pré-escola usando listas impressas e controladas pelas escolas. Esse método é ainda mais frequente nas redes do Norte e do Nordeste. Apenas uma pequena parcela dos municípios brasileiros utiliza sistema unificado para gerenciar a lista de espera por vaga na educação infantil. O potencial de erro e ineficiência é alto.

Além disso, ao consultar bases demográficas, nota-se que o universo de crianças na primeira infância que não frequentam creche por dificuldade de acesso pode ser ainda maior. São crianças que poderiam estar sendo atendidas pela rede pública, usufruindo de seus direitos e viabilizando o retorno das mães ao mercado de trabalho.

Apesar dos dados, esse levantamento do retrato da educação infantil chega em boa hora.

Reconhecer que política pública deve ser feita a partir de diagnósticos e evidências é essencial para elaborar melhores soluções, em todos os níveis do poder público. Creches e pré-escolas são de responsabilidade dos municípios, mas o pacto federativo prevê colaboração entre os entes federados.

Além de apoio financeiro, as cidades podem receber apoio técnico e pedagógico para formar profissionais.
A poucas semanas das eleições municipais, as barreiras ao acesso à educação infantil precisam ser mais discutidas.

Você já verificou o que os candidatos do seu município planejam para a educação infantil da cidade?

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