É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
O time do ano
Quatro anos atrás, o Real Madrid tinha convicção de ter escolhido o técnico que o levaria ao topo do futebol mundial. José Mourinho parecia ter tudo na medida certa. A ambição da realeza, o comando dos reis, até a arrogância na dose exata.
Não era.
Mourinho pode conseguir sua terceira Liga dos Campeões pelo Chelsea, em junho, mas o maior adversário de Pep Guardiola hoje é Carlo Ancelotti. O treinador deu paz ao vestiário do Real Madrid e com boa parte dos mesmos jogadores que Mourinho comandou deu ao Real Madrid seu quarto título mundial de clubes, no sábado.
Só o Milan rivaliza com o Real Madrid na soma de mundiais oficiais e não oficiais –a velha Copa Intercontinental. Ambos têm quatro conquistas, ambos ganharam o Mundial da Fifa sob o comando de Carlo Ancelotti.
A carreira de técnico pareceu fadada ao fracasso depois da demissão da Juventus, em 2001. Era só o início. Poucos meses depois, o Parma queria Ancelotti e o presidente milanista, Silvio Berlusconi, mandou agir rápido. Contratou-o. Catorze anos antes, quando Ancelotti era volante, a situação era diferente:
"Conheço Ancelotti desde 1987. Eu o queria no Milan e Berlusconi era cético", escreveu Arrigo Sacchi dez dias atrás, após uma visita ao centro de treinamento do Real Madrid, onde encontrou seu pupilo.
No final dos anos 80, Ancelotti era um dos pilares do time mais moderno do planeta. O que o Barcelona de Guardiola fez entre 2008 e 2012, o Milan antecipava. Espaços curtos, posse de bola, marcação por pressão, asfixia ao adversário em todos os lugares do campo.
"Ele é diferente depois da passagem pelo futebol inglês", diz Kaká, discípulo de Ancelotti no Milan campeão europeu de 2007 e no Real Madrid, no final de 2013.
Guardiola e Carlos Bianchi ainda são os técnicos com maior número de títulos mundiais. Guardiola tem três oficiais da FIFA, Bianchi soma três intercontinentais.
Ancelotti é campeão em todas as línguas: italiano pelo Milan, francês pelo PSG, inglês pelo Chelsea, falta o espanhol pelo Real Madrid, onde ganhou a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes.
Guardiola é o técnico de um estilo. Brilhante no Bayern e no Barcelona, seus times têm a mesma maneira de jogar. Ancelotti, não. O Real Madrid de Toni Kroos e James Rodriguez de 2014 joga num 4-3-3, diferente do 4-2-3-1 da Liga dos Campeões de Cristiano Ronaldo.
O Milan de defesa sólida, vencedor da Liga dos Campeões em 2003, era diferente do Chelsea, melhor ataque da história da Premier League, com 103 gols em 2010.
O Real Madrid foi o melhor time do ano em 2014. O símbolo disso é a velocidade e a fúria para fazer gols de Cristiano Ronaldo.
Esse mérito Ancelotti também tem. Kaká viveu o melhor momento da carreira sob comando do italiano. O gajo Cristiano também vive.
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