É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
A escolha justa
O Cruzeiro perdeu o técnico Mano Menezes e efetivou Deivid como novo treinador. É um dos quatro times grandes do Brasil que começarão 2016 sob nova direção. Também é assim no Flamengo, no São Paulo e no Atlético-MG.
A diferença é que a substituição de Mano no Cruzeiro deu-se de maneira menos convencional. Todo mundo procura um nomão quando precisa de um treinador –Muricy, Edgardo Bauza, Diego Aguirre...
O Cruzeiro aposta na continuidade de Mano com seu assistente. Mais do que isso, julga que a estrutura do clube é que tem de proteger o treinador. No Brasil, quase sempre é o oposto.
Claro que definir Deivid no comando é uma aposta. Ex-atacante do Corinthians, Santos, Flamengo e do Cruzeiro campeão brasileiro de 2003, ele só teve experiência como assistente de Luxemburgo.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
"Nós acreditamos que o técnico precisa ser parte de um conjunto e não o ponto principal da montagem da equipe", diz o diretor-executivo Thiago Scuro.
O próprio dirigente é uma novidade. Fez parte da equipe de trabalho do Pão de Açúcar, montada por José Carlos Brunoro e que resultou no acesso do Audax às divisões principais dos campeonatos carioca e paulista. Só agora recebe uma chance em um clube grande.
A lógica do Cruzeiro é correta. Não foi de outra maneira que o Barcelona optou por Josep Guardiola, em 2008, quando esboçou contratar José Mourinho. Guardiola espelhava a filosofia do Barça, o jeito de pensar que se queria. Teria sucesso por seu talento –e também porque seria parte de um projeto sólido.
Era diferente o pensamento da CBF, quando demitiu Mano Menezes e contratou Felipão e Parreira em novembro de 2012. Juntar os dois últimos técnicos campeões do mundo poderia dar certo, mas a tentativa era ter dois nomes fortes que servissem de escudo para dirigentes que não sabiam quem e nem por que contratar.
Não é o técnico quem deve ser escudo para o dirigente. É o clube quem deve dar respaldo ao treinador que escolheu. Daí ser muito louvável a tentativa com Deivid.
Mesmo que seja um risco, entre outras razões porque Deivid não é Guardiola. Este é um ponto fundamental da formação dos treinadores brasileiros: falta conhecimento teórico. Na prática, Deivid conviveu com treinadores experientes e modernos enquanto esteve na Europa –Elie Baup, no Bordeaux, Luis Aragonés e Zico, no Fenerbahçe.
Mas a formação é toda baseada no que viu fazerem, não na soma de sua experiência em campo com o que poderia aprender sobre teoria –Mano passou todo o primeiro semestre estudando em Portugal.
O Brasil não transforma em estudo o que seu futebol produz de bom em campo. É um pecado.
Por outro lado, o novo treinador encontrará uma equipe que se fortaleceu na reta de chegada do Brasileirão. O Cruzeiro terminou em oitavo, sete pontos atrás da zona de classificação para a Libertadores, mas só perdeu duas vezes sob o comando de Mano, em 16 partidas.
Ganhou um sistema tático definido: "É 4-4-1-1", disse Mano Menezes antes de embarcar para a China. Descobriu novas funções para o volante Williams, agora aberto pela direita, e para o atacante William do Bigode, hoje centroavante.
A estrutura está montada para proteger o trabalho. Não para o técnico do time ser escudo para incompetentes.
RENATO FICA
O Schalke achou caro o salário pedido por Renato Augusto. A razão é óbvia: ele não quer ir. Não para a Alemanha, em clube que não seja o Bayern. Sabe que sair do Corinthians tem de ser para um dos maiores da Europa. Após Libertadores, ele pode.
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A SEQUÊNCIA
O Palmeiras tem na Copa SP a sequência do trabalho iniciado por Erasmo Damiani. Hoje o diretor é João Paulo, e o trabalho é bom. O problema é estar num clube que contratou muito para voltar a ser campeão. Falta espaço para os garotos subirem.
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