É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Fiasco argentino tem a ver com a bagunça de sua federação nacional
Agustin Marcarian/Reuters | ||
Messi depois de jogo da seleção argentina contra o Peru, que terminou empatado |
A Argentina foi goleada pela Colômbia por 5 x 0 e precisou da repescagem nas eliminatórias para a Copa de 1994. Logo depois daquela campanha, a Conmebol mudou o formato da disputa. Em vez de grupos curtos com seis a oito partidas, o formato passou a ser de todos contra todos.
Naquela época, houve quem decretasse: "De agora em diante, nunca mais as seleções gigantes da América do Sul vão correr riscos."
Duas eliminatórias mais tarde, o Brasil precisou vencer a Venezuela na última rodada, em 2001. A Argentina correu risco até o último jogo, com Maradona como técnico, em 2009.
A situação agora é mais dramática. Sexto lugar, antes do último jogo. Precisa ganhar em Quito e torcer contra Chile e Peru.
Os torneios de seleções são diferentes dos disputados por clubes. A meca do futebol está na Europa, mas José Mourinho garante que as eliminatórias da América do Sul são melhores.
Brasil e Argentina ainda têm excelentes jogadores, mas se perdem com a ideia falsa de que podem cometer erros, mudar estilos, transformar comissões técnicas e tudo vai dar certo no fim.
Há tempos você lê neste espaço que o equilíbrio entre as maiores seleções cresceu demais. Que Albânia e Islândia classificaram-se para a Eurocopa, eliminando Sérvia, Dinamarca e Holanda. A Itália caiu na fase de grupos das duas últimas Copas do Mundo e também está arriscada de não ir à Rússia.
A Argentina usou 40 jogadores e três técnicos em 17 rodadas. O Brasil teve 34 atletas, 24 com Tite.
Verdade que este tipo de comparação provoca armadilhas. Em 1966, a seleção perdeu a Copa porque convocou 47 durante a fase de preparação. Em 1962, ganhou o Mundial e convocou 44.
Mas as lembranças daquele tempo carregam até hoje uma arapuca. A de que seleção é momento. Não é.
No passado, era. Em 1973, a seleção foi convocada em maio e ficou junta até julho, desligou-se e só se reuniu de novo no ano seguinte. Naquelas circunstâncias, convocavam-se os melhores do momento. No ano seguinte, o time poderia ser outro.
Havia três meses de preparação para a Copa, não três semanas. A Argentina entende a lógica atual mais do que o Brasil, que repete o mantra a cada convocação: "Seleção é momento!" Não é! É continuidade.
O fiasco argentino, desta vez, tem a ver com a bagunça de sua federação nacional, que provocou trocas de técnicos e de elencos. A cada troca, um estilo oposto. Com o equilíbrio das seleções, abusar dos erros agora é fatal.
A ELITE EM ITAQUERA
A interpretação de que o público da Arena Corinthians está elitizado não é compartilhada por Fernando Fleury, sócio-diretor da Armatore, empresa que realizou a pesquisa com frequentadores do estádio.
"Levamos em conta a renda familiar. Até R$ 8 mil, consideramos classe C. Hoje, 54% do público do estádio é de classes C, D e E. Outros 17% pertencem à classe B e 10% não quiseram responder", afirma.
Houve confusão na interpretação entre renda familiar e renda avulsa. Outro problema é julgar elite o fato de 47% do público ter acesso ao ensino superior.
Em 1994, 33% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos tinham acesso à faculdade. Hoje são 58%.
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