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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Palmeiras é líder com bola parada e expressinho de Felipão

A opção por reservas não é vergonha para o clube, mas pode ser para o campeonato

Felipão dirigiu o Palmeiras no Brasileiro por 11 rodadas. Todas com o time reserva. Ou melhor, com o Banguzinho, como fazia no Grêmio campeão gaúcho de 1995. O treinador escala de dois a quatro titulares mesclados. 

Na vitória contra o Cruzeiro que valeu a liderança do Brasileiro, Marcos Rocha, Felipe Melo, Bruno Henrique e Dudu foram repetidos na escalação da Copa do Brasil, quarta-feira (26), em Belo Horizonte.

Felipão brinca com Marcelo Hermes durante jogo entre Palmeiras e Cruzeiro, no Pacaembu
Felipão brinca com Marcelo Hermes durante jogo entre Palmeiras e Cruzeiro, no Pacaembu - Paulo Whitaker/Reuters

A opção de Felipão não é vergonha para o Palmeiras. Pode ser para o campeonato, se o campeão for o time B do Palmeiras. 

Mas há contradições em quem aponta supremacia do time pelo poder econômico. Eduardo Baptista, ex-técnico do Sport, derrotado pelo expressinho palmeirense no domingo (23), disse ser covardia enfrentar o elenco de Felipão. Esqueceu-se que, no primeiro turno, o Sport venceu no Allianz Parque por 3 a 2.

Não é covardia. Só será quando os times de mais dinheiro forem também os de mais inteligência. Mais manutenção de trabalho, mais resistência à política podre que faz presidentes fracos desmancharem trabalhos fortes por causa de resultados médios. O Palmeiras fez isso com Roger Machado, mas tem uma experiência excelente com Felipão.

Não por ser líder. Por estar feliz.

Quem trabalhou com Felipão entre 2010 e 2012 compara os estilos e relata que o técnico das seleções de 2002 e de 2014 parece hoje muito mais contente. Em sua segunda passagem, preocupava-se com os conselheiros que gostariam de ter seus nomes citados nesta coluna e frequentavam a Academia de Futebol em busca de fuxicos. Felipão se incomodava com as informações importantes que vazavam dentro de seu ambiente sagrado, o vestiário.

Hoje, o treinador entrega a cada um a sua própria responsabilidade. A parte física cabe aos preparadores físicos, a análise de desempenho aos analistas, os horários das entrevistas coletivas aos assessores de imprensa. 

Felipão está mais velho, mais cabelos e bigode brancos, não deu nenhuma bronca em repórter, não parece acima do tom em nenhuma resposta. Está feliz e o time responde à sua alegria.

O resumo do Palmeiras, líder do Brasileiro, à frente do Internacional pelo saldo de gols, é o de um time com a cara do treinador. Dos 22 gols marcados desde seu retorno, onze foram de faltas, pênaltis ou escanteios. São 50% dos gols de bola parada. 

Não é pecado. Liverpool e Barcelona são os recordistas de gols de bola parada nas atuais temporadas da Inglaterra e Espanha, respectivamente. A diferença do Palmeiras é o cuidado com esse tipo de jogada, mas também o fato de poder jogar uma vez por semana, mesmo com 22 partidas nos últimos 71 dias, uma a cada três dias. Mas com o time B, de Brasileiro, no fim de semana, e o time C, de Copas, às quartas. Descansa quase como o São Paulo ou o Internacional, que só têm uma competição para disputar. 

O Palmeiras é o líder, mesmo prejudicado por um pênalti marcado para o Cruzeiro e outro para o Internacional, ambos fora da área. O São Paulo caiu de produção depois dos desfalques. O Palmeiras cresce e, neste momento, parece o mais forte candidato ao troféu, junto com Internacional e Grêmio. Mesmo com o banguzinho de Felipão.

Arte da coluna do PVC do dia 1º.out.2018
Folhapress

Mãozinha

Cuca matou a charada: "É simples. Só profissionalizar a arbitragem". Os erros no Pacaembu, Beira Rio e Vila Belmiro nos fazem falar mais de arbitragem do que do campeonato mais equilibrado de todos os tempos. Desde 2011, não acaba na última rodada. Pode ser desta vez

O Jeito Corinthians

Na última década, o Corinthians é o único time brasileiro que tem estilo próprio. Com Tite, Mano e Carille. Jair Ventura tenta repetir isso sem centroavante. Contra o Flamengo, foi Jadson. Contra o América, Pedrinho. Para funcionar, o atacante tem de puxar o zagueiro para abrir espaço

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