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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Para Tite, Campeonato Brasileiro está de acordo com investimento feito

Técnico da seleção brasileira diz que o torneio não é fraco, mas também não o elogia

Tite não se junta à multidão para afirmar que o Campeonato Brasileiro é fraco. Também não elogia. Na conversa da qual este colunista fez parte, na sede da CBF, quinta-feira (29), o técnico foi questionado se o torneio que termina neste domingo (2) serve de parâmetro para convocações. Disse que sim. 

Se convoca Arthur e Richarlison, que jogavam aqui há um ano, e Lucas Paquetá, destaque do Flamengo e contratado pelo Milan (ITA), a resposta tinha de ser na direção de que o Campeonato Brasileiro oferece segurança para entender que certos jogadores têm nível internacional. Merecem ser convocados.

O craque do campeonato, Dudu, na sua opinião, subiu de produção no segundo semestre. É fato.

Mas Tite relativiza: “Não diria que é fraco. É dentro do investimento que recebe.”

Questiono: “Investimento financeiro ou de ideias?”

Tite responde: “As duas coisas.”

O Flamengo e o Palmeiras têm orçamento semelhante ao de clubes intermediários da Espanha, como Valencia e Sevilla. 

Fluminense, Botafogo e Atlético-PR, arrecadam anualmente menos do que o Betis, da Espanha. 

O aspecto financeiro interfere, mas a falta de continuidade é o outro problema. 

“O técnico brasileiro pensa se vai ter emprego na terceira derrota. Muitas vezes, quebra a bola para o ataque para prendê-la na frente e tentar o gol. Claro que isso tira beleza dos jogos”, diz o técnico da seleção.

Ao mesmo tempo, Tite vê times que tentaram jogar futebol com bola no chão, construção, imposição ao adversário. 

“Temos duas escolas. A da troca de passes e da rapidez para definir jogadas. Há times que jogam, como o Ceará, o Atlético-PR, o Grêmio e o Flamengo. Outros que procuram a ligação mais rápida, como o Palmeiras.”

A mais surpreendente das observações de Tite compara partidas disputadas durante a edição do Campeonato Brasileiro que termina hoje com os campeonatos nacionais mais badalados do mundo: “Assisti no estádio a São Paulo e Flamengo (1 a 1) e Liverpool e Manchester City (0 a 0). Podemos analisar as circunstâncias, mas São Paulo e Flamengo foi melhor.”

No último dia do campeonato, é necessário fazer uma avaliação isenta do que aconteceu. A pior média de gols desde 1990 (2,19 a 1,89) é um sintoma alarmante. 

Mas 1971, com todos os tricampeões mundiais jogando aqui, teve índice pior ainda (1,83). E é impossível ter sido ruim o Campeonato Brasileiro disputado com Pelé, Tostão, Jairzinho, Gérson, Rivelino, Zico e Roberto Dinamite, jogadores maduros e novatos. 

O número atual é assustador. É preciso fazer algo para melhorar. Mas não indica que este seja o pior campeonato dos últimos trinta anos.

Falávamos que o Brasileiro estava nivelado por baixo. Desde 1985 se escuta este chavão. Neste ano, a frase mudou, felizmente. 

A crítica usa uma palavra mais exata: o campeonato é fraco. 

Tite não diz o mesmo, mas o que vale é que se faça uma análise justa, de preferência num debate promovido pela CBF ou por um veículo de comunicação.

É preciso debater por que o campeonato não tem o nível desejado. Conhecer seu estágio atual e planejar as metas para melhorar. 

O Campeonato Brasileiro não foi pior do que o Português, o Argentino ou o Italiano. Mas é outro esporte comparado com o Inglês, o Espanhol e o Alemão.

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