A aprovação por unanimidade da permissão de sete estrangeiros por clube não foi uma votação fácil como parece. Havia muitos votos contrários, até que as conciliações levaram à votação sem contestações.
Não é bom.
Um dos argumentos contrários é do técnico do Internacional, Mano Menezes: "Os que vêm para cá não são melhores que os nossos.". Em outras palavras, o Brasil só consegue contratar quem não interessa à Europa.
Prova disso é Enzo Fernández. Nas duas edições mais recentes da Libertadores, o jogador mais caro da Argentina em todos os tempos disputou seis partidas no Brasil, quatro pelo Defensa y Justicia, duas pelo River Plate.
São Paulo e Flamengo fizeram consultas e a informação sempre foi a de que seus agentes mais influentes na América do Sul entendiam que seu destino deveria ser exclusivamente a Europa.
Estavam certos.
O Benfica pagou 10 milhões de euros e vendeu-o ao Chelsea por 121 milhões de euros, seis meses depois. EnzoFe, como era chamado na concentração da Argentina campeã mundial, seria um reforço gigantesco para o Campeonato Brasileiro. Muito mais do que Bustos, Mercado, Jhohan Julio, Cristaldo ou Godín.
Não à xenofobia. Viva o grande ídolo, como Pedro Rocha, Doval, Darío Pereyra, Gamarra, Rodolfo Rodriguez, Petkovic, Tévez e Gustavo Gómez. A ponderação é se o Brasil vai se aproximar mais da Inglaterra ou do México ao abrir sete vagas por clube para jogadores internacionais.
O Chelsea foi o primeiro time da história a escalar 11 estrangeiros. Contra o Southampton, 26 de dezembro de 1999, alinhou a defesa com o holandês De Goey, o espanhol Ferrer, o brasileiro Émerson Thomé, o francês Leboeuf e o nigeriano Babayaro. O meio-de-campo tinha o romeno Petrescu, o italiano Di Matteo, o francês Didier Deschamps e o uruguaio Poyet. O norueguês Tore Andre Flo formava o ataque com o italiano Ambrosetti, todos treinados por Gianluca Vialli, nascido em Cremona, na Itália. Deu Chelsea, 2 x 1.
Onze anos depois, a Internazionale de José Mourinho tornou-se a única campeã da Champions League de 11 titulares estrangeiros: Júlio César, Maicon, Lúcio, Samuel e Chivu; Cambiasso e Zanetti; Eto’o, Sneijder e Pandev; Diego Milito. Três brasileiros, quatro argentinos, um romeno, um camaronês, um macedônio e um holandês.
Nacionalidade é coisa do passado, tanto quanto os clubes do Brasil. Ninguém quer assistir Flamengo x Palmeiras na Europa –Portugal à parte, pelos treinadores portugueses. O futebol daqui ainda depende do sucesso da seleção para se sentir primeiro mundo. A decadência da Itália está ligada ao excesso de estrangeiros de segundo escalão.
O México joga como nunca e perde como sempre. O Tigres disputou a final da Libertadores de 2015 com os brasileiros Juninho e Rafael Sóbis, os argentinos Guzmán e Guido Pizarro, o uruguaio Arévalo Ríos.
Se a futura liga brasileira tiver condições de trazer os melhores jogadores do mundo, viva o campeonato da diversidade, onde estarão argentinos como EnzoFe, uruguaios como Luis Suárez e De Arrascaeta, paraguaios como Gustavo Gómez, alemães como Julian Draxler, hoje no Benfica.
Para ter uma coleção de jogadores como Araos, do Corinthians, Rigoni, do São Paulo, Merentiel, do Palmeiras, Johan Julio, do Santos, Piris da Mota, do Flamengo... Nesses casos, é melhor revelar aqui.
O Brasil é o único país com jogadores em todas as finais de Liga dos Campeões do século 21. Talento brota.
Por outro lado, último campeão brasileiro sem nenhum jogador nascido no exterior foi o São Paulo de 2008.
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