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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O Brasil está na moda dos técnicos carecas

Márcio Zanardi é um potencial grande técnico; e há outros carecas, como Dal Pozzo

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Márcio Zanardi é o técnico do São Bernardo, paulistano das Perdizes, assistente de Jorge Sampaoli no Santos de 2019: "Não sei por que razão ele se encantou comigo e me abriu toda a sua metodologia".

Márcio Zanardi, técnico do São Bernardo - São Bernardo FC no Facebook

Sampaoli é um grande treinador, vice brasileiro pelo Santos, terceiro colocado pelo Atlético-MG.

No Brasil, Sampaoli aprendeu várias palavras. Nunca soube dizer bom dia nem obrigado. Falou português com poucas pessoas. Zanardi foi uma delas.

No idioma do futebol, Sampaoli é ótimo e Zanardi aprendeu bastante. Por exemplo, a montar equipes com três zagueiros, com variação defensiva para linha de cinco.

"O desenho do jogo contra o Palmeiras é Abel ter cinco homens no ataque", digo para Zanardi. Ele responde: "Eu vejo o jogo exatamente assim".

A conversa aconteceu na quarta-feira (8).

A partida de sábado mostrou exatamente isso. Abel abriu Tabata na direita e Dudu na esquerda, perto das linhas laterais, para tentar abrir a defesa do São Bernardo.

Rony comemora seu gol contra o São Bernardo com companheiros - Cesar Greco/Palmeiras

O time do ABC recuou Jéferson, Hélder, Romércio, Rafael Vaz e Arthur Henrique. Fechou seu muro, puxou contra-ataques.

Se Felipe Marques convertesse a chance que teve no primeiro tempo, o jogo seria diferente. "Montei o time para Felipe ter a chance de usar sua jogada em diagonal", disse Zanardi, depois da derrota.

A estratégia funcionou. A finalização deu errado.

Depois da vitória do Palmeiras, Abel Ferreira referiu-se a Márcio Zanardi como um técnico brasileiro, jovem e competente. Muita gente se referiu a ele como o técnico careca do São Bernardo. Como a Gilmar Dal Pozzo, o treinador sem cabelo do Ituano, que atrapalhou a vida do Corinthians neste domingo.

Curioso futebol o do Brasil, que define que os técnicos daqui são ultrapassados, depois aposta nos jovens, como Fábio Carille, mais tarde nos estrangeiros, como Sá Pinto, Ramón Díaz , Rafael Dudamel, Turco Mohammed e Miguel Angel Ramírez. Agora pode ser nos carecas: Márcio Zanardi e Gilmar Dal Pozzo.

Fabio Carille quando dirigia o Santos, em 2021 - Ivan Storti/Santos FC

Claro que aqui há ironia sobre nós, jornalistas. Nada melhor do que rir de nós mesmos. Nos últimos quatro anos, houve mais estrangeiros que fracassaram do que os de sucesso: Jesualdo, Ariel Holan, Sá Pinto, Ramón Díaz, Domenec Torrent, Paulo Sousa, Miguel Angel Ramírez...

O erro não é deles, mas nosso. Com a mesma falta de tempo para treinar, o resultado será um enorme 0 x 0 entre técnicos do Brasil x Resto do Mundo.

Zanardi é o exemplo de hoje, porque fez um time competitivo, com um sistema tático moderno, usado por Bayern, Milan e Chelsea, três dos quatro classificados para as quartas de final da Liga dos Campeões –o Benfica é a exceção.

Zanardi está atualizado, trabalhou com Sampaoli, aprendeu sua metodologia. Vicente Feola foi assistente do húngaro Bela Gutman um ano antes de ser o técnico de Pelé no título mundial de 1958.

Viva o intercâmbio!

Pelé com o técnico Vicente Feola - José Dias Herrera/Divulgação Santos

O Palmeiras jogou bem contra o São Bernardo, teve enorme cuidado com a transição defensiva, porque Abel conhecia o método de Márcio Zanardi. O melhor time do Brasil deste momento correu riscos contra a equipe do ABC.

Márcio Zanardi é um potencial grande técnico brasileiro. Há outros carecas, como Dal Pozzo, do Ituano, ex-jogador de Tite.

O problema é o Brasil e sua incrível capacidade de interromper boas ideias.


ELIMINADO

A ausência de Renato Augusto criou um problema para Fernando Lázaro, porque Paulinho precisa da infiltração e não tem mais poder de marcação; nem de organizar a equipe, como faz Renato Augusto. Fernando Lázaro faz bom trabalho. O Corinthians é que não ganha título desde 2019.

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Roger Guedes, do Corinthians, disputa bola com Marcelo Freitas, do Ituano - Rodrigo Corsi/Ag. Paulistão/Divulgação

FAIR-PLAY

Pelo bem da esportividade, o Palmeiras permitiu ao São Paulo treinar no Allianz Parque, no domingo. A adaptação ao gramado é parte da visita são-paulina. Hoje será o jogo 53 com mando são-paulino no velho Parque Antarctica. O São Paulo já conhece o terreno em que tentará vencer o bom time do Água Santa.

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