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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Neymar não é festeiro como Ronaldinho nem profissional como Messi

A questão é qual será o grau de profissionalismo da geração de Vinicius Junior e Rodrygo

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Neymar não disputou 43% dos jogos do Paris Saint-Germain desde sua chegada à França, em 2017. É um escândalo. Dos 18 jogos eliminatórios de Liga dos Campeões, só disputou cinco. Ninguém escolhe ter lesões. É provável que a fratura do quinto metatarso tenha tirado parte de seu equilíbrio normal e ajudado a tornar o seu tornozelo o ponto frágil de seu corpo.

Neymar ao se machucar na partida Paris Saint-Germain x Lille - Franck Fife - 19.fev.23/AFP

Por outro lado, há uma noção espalhada pela Europa –e pela comissão técnica da seleção– de que Neymar nunca foi irresponsável nem capaz de abandonar as festas e madrugadas de pôquer.

Não chega a ser Ronaldinho Gaúcho nem se aproxima de Messi. Não é tão festeiro como o brasileiro nem profissional como o argentino.

A pergunta não é se Neymar voltará a jogar em alto nível; é qual será o grau de profissionalismo da geração de Vinicius Junior e Rodrygo.

"Tirando Neymar, que só quer saber de festas, a Europa entende que os jogadores brasileiros são responsáveis e profissionais." A avaliação é do jornalista italiano Enzo Palladini. Como trabalha para a MediaSet, em Milão, a lembrança do compromisso de Kaká com o Milan ajuda a ter essa percepção. Palladini cita Jorginho, campeão europeu pela Itália em 2021.

Kaká na partida Milan x Inter, em 2014 - Olivier Morin - 4.mai.14/AFP

A relação com Carlo Ancelotti é um ingrediente importante para Rodrygo e Vinicius Junior. Na antiga comissão técnica da seleção, já houve quem notasse a bronca dada em Rodrygo, por Carlo Ancelotti, como um sinal de que o jovem brasileiro precisa de atenção.

Na virada do Real Madrid sobre o Villarreal, em janeiro, Ancelotti promoveu a entrada de Asensio no lugar de Rodrygo. O atacante nascido no Santos deixou o campo sem olhar para o rosto do treinador italiano, que se aproximou do banco, pôs o dedo em riste e disse: "Eu falei para você não se esquecer de me cumprimentar".

Ao mesmo tempo em que faz elogios rasgados à maneira de atuar de Rodrygo e afirma ser um dos titulares da equipe, Ancelotti o mantém no banco de reservas e faz observações sobre seu comportamento, como no pito público de janeiro.

Rodrygo (esq.) e Vinicius Junior comemoram gol na partida Liverpool 2 x 5 Real Madrid - Phil Noble - 21.fev.23/Reuters

Vinicius Junior ganha terreno com Ancelotti, cuja preocupação é com as provocações que recebe, para que não corra o risco de passar de vítima a vilão numa eventual reação.

Em condições normais, seria importante ter Neymar como ponto de referência da nova seleção. É sempre melhor quando a passagem de gerações se dá sem rupturas. Foi mais fácil para Pelé ter Didi como apoio, mais simples para Rivelino herdar a 10 depois de conviver com o Rei; Riva passou o trono para Zico, Romário jogou com Ronaldo e Rivaldo.

O normal seria Neymar estrear em Copas no Brasil, 2014, ao lado de Ronaldinho ou Adriano ou Kaká. Ronaldinho teria 34, Adriano, 32, Robinho estava com 30. Melhor do mundo eleito em 2007, Kaká tinha lesão. De modos diferentes, Ronaldinho, Adriano e Robinho desistiram.

Quase em segredo, Robinho já respondia há três anos ao processo de estupro pelo qual foi condenado.

Ronaldinho foi demitido por Guardiola em 2008.

Demitido!

A palavra não é exata, mas evidencia o que de fato aconteceu. Usar o termo correto talvez ajude jogadores a entenderem o tamanho do vexame. O melhor jogador do planeta em 2005 não fez parte dos planos do melhor técnico do mundo três anos depois de eleito.

Guardiola não seria louco de menosprezar o talento de Ronaldinho Gaúcho. Apenas queria todos os seus liderados comprometidos com o ambiente de trabalho. Mesmo sabendo que Ronaldinho poderia ter mais drible e mais arte, Guardiola apostou em Messi. Acertou.

Ancelotti trabalha para que Vinicius e Rodrygo façam a mesma escolha.

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