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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Violência na Vila Belmiro é parte do projeto de destruição do futebol

Como cantam os Titãs: 'Mais uma briga de torcida, termina tudo em confusão'

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Os fogos de artifício atirados na Vila Belmiro para agredir jogadores de Santos e Corinthians soam como o último ponto de um amplo projeto de destruição de tudo o que cerca o futebol do Brasil.

Cássio deixa o gramado da Vila Belmiro protegido por policiais - Guilherme Dionizio/Código 19/Agência O Globo

Como se fosse um ímã de problemas, o noticiário esportivo junta racismo, estupros e brigas de torcida às derrotas inéditas da seleção e às disputas por comissões milionárias, na tentativa de se montar um novo modelo de administração, a liga.

O futebol não é uma bolha.

O clichê, repetido à exaustão no ápice da pandemia, quando dirigentes queriam privilégios que a população não tinha, hoje também poderia ser interpretado ao revés. Como poderia o esporte mais popular do país estar a salvo num momento em que escolas públicas têm alunos e professores atacados covardemente?

Em comum, o futebol e o país colhem aquilo que plantaram: a falta de investimento em educação.

Se os técnicos daqui estão distantes dos formados na Europa, natural que advogados, engenheiros e jornalistas também estejam.

A CBF convida Carlo Ancelotti, diz que está tudo certo e vai esperar um ano pela sua chegada. No dia seguinte, a informação é que só falta um detalhe: o salário.

Todos temos certeza de que o presidente Ednaldo Rodrigues diz a verdade. A sua verdade. Mas ninguém até este momento ouviu nenhuma declaração de Carlo Ancelotti, nem do Real Madrid, sobre todos estarem de acordo com o técnico trabalhar por um ano no maior clube da Europa tendo acordo sacramentado com a ex-melhor seleção do mundo.

Lance do amistoso Brasil 2 x 4 Senegal, em Lisboa - Patricia de Melo Moreira - 20.jun.23/AFP

O Brasil do futebol reclama do fiasco do time sub-20 no Mundial recém-terminado na Argentina. Eliminação nas quartas de final, régua e compasso do que nossas seleções foram capazes de realizar nos últimos 20 anos.

O fracasso nos envergonha. Nos meses anteriores, quase todos aplaudimos cada recusa de clubes da Série A em liberar seus craques menores de 20 anos para a Copa do Mundo da categoria. É óbvio que deveria ser possível preparar a seleção sem prejudicar os times do Campeonato Brasileiro. Pelo calendário da Fifa não é.

Se não tem de liberar, que se aceite a derrota. É o nosso vexame.

E há outros, muito piores.

A CNN de Lisboa acordou os portugueses na quinta-feira (22) com as imagens da violência na Vila Belmiro. Será justamente na capital portuguesa que os Titãs cantarão juntos, pela última vez, a canção "Desordem", cujos versos, de 1987, dizem: "Mais uma briga de torcida, termina tudo em confusão".

O que mais pode acontecer num país pobre e miserável?

Pode-se perceber que, com tudo isso, somos o único país representado por jogadores em todas as finais da Liga dos Campeões no século 21.

E o Brasileiro tem a maior média de público de todos os tempos de qualquer campeonato disputado neste país. Nem quando o ingresso era barato nem quando éramos o país do futebol tinha tanta gente nas arquibancadas.

Somos masoquistas ou apaixonados?

Como país, o Brasil já esteve muito mais perto de se parecer com um lugar civilizado. Quinze anos atrás, a gente até acreditava...

Daniel Alves e Robinho são dois dos 822 mil brasileiros que cometem estupro por ano! Os dois têm de ser presos. E mais 821.998 pessoas. O futebol não pode ser uma bolha.

Mas, como é o ponto mais visível do Brasil para o mundo, deveria ser questão de Estado. Como o Rio de Janeiro, onde, em janeiro, o tráfico na Cidade de Deus atacava e invadia a milícia da Gardênia Azul, do outro lado da Linha Amarela.

De braços abertos e sem tapa-olhos, só o Cristo Redentor está vendo?

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