Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Descrição de chapéu Balanços

A surdez dos políticos pode ajudar Bolsonaro

Discurso estapafúrdio tende a ser minimizado, mas encontra eco em uma parcela da população

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No início de sua pré-campanha à Presidência, o deputado Jair Bolsonaro prometeu “arma para todos”. Em uma visita a Belém, capital do Pará, disse que, se depender dele, todos terão porte de arma no país e que “não existirá o politicamente correto”.

O discurso é tão estapafúrdio que tende a ser minimizado pelos políticos e pela mídia, mas encontra eco em uma parcela importante da população. Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto na ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para Ngaire Woods, reitora da Escola de Governo da Universidade de Oxford, a surdez dos políticos tradicionais pode ajudar Bolsonaro a se eleger, como aconteceu como Donald Trump nos Estados Unidos ou com a vitória do “Brexit” (saída da União Europeia) no Reino Unido.

“Os políticos deveriam estar dizendo: você não precisa de uma arma, precisa de casa, de saúde, de uma escola melhor, de mais segurança pública”, disse Woods a esta colunista. “Ao invés disso, falam de colocar as contas públicas em ordem. Não estou dizendo que não é importante, só que eles estão surdos ao que diz a população."

Os economistas são praticamente unânimes em afirmar que o ajuste das contas públicas é a base do crescimento sustentável. Apenas se gastar menos do que arrecada, o Brasil vai ter a estabilidade necessária para manter a inflação baixa, os juros sob controle e atrair investimentos.

A professora britânica, no entanto, está certa. Promessas de colocar a casa em ordem podem não ser suficientes para evitar que a população excluída se volte contra o status quo. Os órfãos da globalização vêm demonstrando seu descontentamento em diversas regiões do mundo. Por que seria diferente no Brasil?

As chances de vitória do ex-capitão do Exército, que já conta com o apoio de uma direita conservadora entre os mais ricos, aumentam significativamente se conseguir também a simpatia dos mais pobres. Se quiserem vencê-lo, os demais candidatos vão ter que trazer novas ideias para o debate, que podem envolver qualificação profissional e até mudanças no sistema tributário.

Trata-se de um equilíbrio delicado, porque o Brasil não pode abrir mão da estabilidade econômica e se jogar mais uma vez em aventuras com o dinheiro público. Como o governo pode atender aos excluídos e ao mesmo tempo manter as contas em ordem? É a resposta para essa pergunta que o país precisa encontrar.

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