Eliane Trindade

Editora do prêmio Empreendedor Social, editou a Revista da Folha. É autora de “As Meninas da Esquina”.

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Cidadã do mundo, Glória Maria era rainha em Saint-Tropez

Jornalista era cidadã honorária do famoso balneário francês, onde era reconhecida e fazia sucesso com sua beleza negra

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Glória Maria era rainha em Saint-Tropez. Habituée do balneário francês, a jornalista brasileira, que morreu nesta quinta-feira (2), ostentava o título de cidadã honorária e conhecia cada cantinho do sofisticado point do verão europeu.

Era junho de 2008, quando nos encontramos por acaso quando eu realizava duas reportagens especiais para a revista "Serafina".

De férias, ela não ostentava o crachá de famosa jornalista da Globo. Era poderosa por si só. Reconhecida nas ruas, nos restaurantes e nas barraquinhas da feira, em um cenário glamouroso no qual vivera grandes paixões.

Glória Maria, Naomi Campbell e Ana Paula Junqueira em um almoço no Le Club 55, em Saint-Tropez, em 2008 - Eliane Trindade/Folhapress

Em um almoço no Le Club 55, dividimos a mesa com Naomi Campbell. As duas beldades negras dominaram a conversa e os olhares como cidadãs do mundo que circulavam pela área VIP do planeta.

De lá, o grupo seguiu para a casa cinematográfica da jet-setter brasileira Ana Paula Junqueira, onde a jornalista deixou os convidados de queixo caído ao desfilar suas formas perfeitas em um biquíni azul na piscina de borda infinita.

Em uma das refeições que compartilhamos naquela viagem, Glória Maria ingeriu um coquetel de pílulas. Ela foi tirando as cápsulas plásticas e misturando tudo em um copo com água. Ingeriu a gororoba sem fazer careta.

Não era folclore, mas parte da rotina de beleza de uma mulher que envelheceu aos olhos do público sem jamais revelar a própria idade.

Exibia-se sempre bela, em um corpo de músculos bem definidos, ar jovial e saudável, como me recordo do nosso último encontro em 30 de setembro de 2019.

Eu era mestre de cerimônias da série de encontros Abraços no Pátio, no Shopping Higienópolis, e ela, uma das convidadas. Falou lindamente sobre a "Beleza das Diferenças", naquela conexão com o público que fez a sua fama como ícone da TV brasileira.

No camarim do Teatro Folha, tivemos tempo de colocar o papo em dia e falar sobre adoção. Eu estava no começo da minha jornada com meus filhos, Bruna e João, e ela já escolada como mãe de Laura e Maria.

Programamos um encontro das crias que, infelizmente, acabou não acontecendo. Veio a pandemia e logo depois o diagnóstico do câncer no cérebro, que resultou na sua morte neste 2 de fevereiro, Dia de Iemanjá.

Que a Rainha do Mar leve em paz a rainha de Saint-Tropez e ícone do telejornalismo brasileiro.

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