Eliane Trindade

Editora do prêmio Empreendedor Social, editou a Revista da Folha. É autora de “As Meninas da Esquina”.

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Da periferia a Hollywood, plataforma promove inclusão no audiovisual

Instituto Criar e Disney lançam Vozes Diversas, uma rede de talentos negros, periféricos e LGBTQIA+ para ampliar diversidade

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São Paulo

Do Capão Redondo a Hollywood, a trajetória de Mailson Soares conta a história de 20 anos do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.

Na noite desta segunda-feira (4), o diretor de cinema, que mora em Los Angeles e se formou na sexta turma da ONG criada em 2003 por Luciano Huck, foi mestre de cerimônias do evento de lançamento da plataforma Vozes Diversas.

Mailson e o apresentador do "Domingão" dividiram o palco montado nas instalações do instituto no Bom Retiro, em São Paulo, para apresentar a plataforma que conecta talentos das periferias com potenciais contratantes do mercado audiovisual, em uma parceria do Criar com a Disney.

"O instituto nasceu há 20 anos para que independentemente da loteria do CEP esses jovens pudessem criar suas histórias e ter suas conquistas", disse Huck. "O mundo pede novas narrativas e mais inclusão."

Após a exibição de vídeos produzidos pelos próprios alunos e veteranos do Criar, Huck falou sobre a importância da diversidade de raça e gênero em um mercado no qual 75,4% dos diretores são homens brancos, de acordo com Estudo sobre Diversidade de Gênero e Raça divulgado pela Ancine em 2018.

O mundo pede novas narrativas e mais inclusão

Luciano Huck

apresentador e fundador do Instituto Criar

"Queremos cada vez mais história diversas e representativas na frente e por trás das câmeras", afirmou Veronica Lux, gerente de Responsabilidade Social Corporativa da Disney para América Latina. "Histórias têm superpoderes para mudar vidas e criar mundos e realidades possíveis."

Mailson destacou o impacto da arte na vida dos alunos do Criar, ao chamar ao palco ex-colegas como Uyara Aidê, filmmaker e editora de vídeos, moradora de Cidade Tiradentes.

Ela ilustra um dos vídeos de divulgação da plataforma Vozes Diversas, no qual relata sua trajetória no audiovisual como trans, negra e periférica.

"Eu queria chegar num lugar onde as pessoas pudessem olhar para mim e me ver como referência", relata. "E que pudesse acessar um espaço que não foi criado pra gente."

Uyara é um exemplo de uma profissional que rackeou o sistema, ao exibir no currículo codireção da série "40m2", da Globo Play , e assistência de áudio em "Queer Eye BR", da Netflix, além de trabalhos para Kondzilla, Facebook e Youtube.

Subiram ao palco também Priscila Machado, aluna da segunda turma do Criar que virou gerente executiva do próprio instituto.

Nascida na Cidade Ademar e crescida em São Mateus, a veterana interagiu com a pernambucana Vania Santos, aluna na primeira turma e hoje coordenadora do programa de formação do Instituto Criar.

"Já somos 2.620 veteranos da comunidade Criar e temos mais 120 se formando esse ano."

Talentos em diversas áreas que passaram a ser disponibilizados na plataforma, uma espécie de marketplace que reúne roteiristas, diretores de cena, designers de som, maquiadores, figurinistas.

"O audiovisual tem um papel fundamental para enxergarmos coletivamente um mundo no qual todos sejam representados, na frente e atrás das câmeras", diz Luciana Bobadilha, diretora executiva do Instituto Criar, que foi finalista do Prêmio Empreendedor Social.

"Ter lideranças diversas nessa indústria contribui para a diminuição das desigualdades sociais e para a construção de um futuro diferente."

Durante três meses, a equipe do Criar se dedicou a convidar os ex-alunos para integrar sua Rede de Talentos, disponibilizando informações pessoais e profissionais e áreas de atuação.

Os veteranos também foram estimulados a enviar teasers, trailers ou reels de seus trabalhos #portrasdascameras, resultando em uma campanha nas redes sociais do instituto.

O mapeamento para plataforma evidenciou a diversidade de gênero e raça das turmas formadas pelo Criar ao longo das últimas duas décadas: 47,5% se identificaram como do gênero feminino, 77,3% são pessoas não-binárias e 22,7% são transgêneres.

Quanto à raça, 34,4% se declararam pretos, 30,3% pardos, 32,4% brancos e 1,8% indígenas.

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