Reinaldo Figueiredo

Humorista e cartunista, um dos criadores do Casseta & Planeta. É autor de “A Arte de Zoar”.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Reinaldo Figueiredo

É por isso que o Brasil não vai pra frente!

Por que o estudo da obra de Frank Zappa não é obrigatório nas escolas?

Esta coluna passou um tempão analisando os programas de governo dos 500 candidatos à Presidência da República e, ao final de um minucioso exame, chegou a uma constatação alarmante: nenhum dos candidatos menciona a obrigatoriedade do ensino da obra de Frank Zappa nas escolas públicas.

Isso é um sinal óbvio de que nossos pretendentes a governantes não têm a menor noção do que seja educação básica. O estudo sistemático da obra desse músico, compositor, cantor, pensador, humorista e artista inclassificável é fundamental para o desenvolvimento cultural de um povo carente.

Ilustração
Reinaldo Figueiredo/Folhapress

Olhando de longe, Frank Zappa parecia ser apenas mais um roqueiro doidão, mas, quando observamos a figura de perto, vemos que de porra-louca ele não tinha nada, muito pelo contrário.

Era um cara racional, lúcido, muito articulado e tudo que produzia fazia sentido dentro do seu projeto geral de criação.

Sua música era uma mistura de blues, jazz, música erudita contemporânea, na linha de Stravinski e Edgard Varèse, e mais: paródias de vários gêneros, desde rock, doo-wop, country, heavy metal, canções de cabaré, musicais da Broadway e qualquer coisa que faça barulho neste mundo.

Os shows às vezes eram performances quase teatrais. Misturando música popular e erudita, criou composições zoando com tudo, desde hippies até políticos corruptos e pastores evangélicos picaretas.

Nos anos 1980, botou terno e gravata para entrar no Senado dos EUA e participou de debates sobre um projeto de lei que ameaçava a liberdade de expressão na indústria fonográfica.

Depois, sampleou trechos das discussões, botou tudo num sintetizador e usou as vozes dos senadores numa composição, chamada "Porn Wars".

Sua produção surrealista e delirante não precisava da ajuda de drogas, leves ou pesadas. Não era chegado. Em compensação, o cara se alimentava de café e cigarros. Morreu em 1993, com 52 anos. Em muitos dos seus mais de 60 discos, em algum cantinho da capa, ele incluiu esta frase: "Não se esqueça de se registrar para votar". É que lá nos EUA o voto não é obrigatório...

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.