Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Brasil pode sonhar com hexa no Qatar e com semifinal na Austrália

Seleção masculina sempre é apontada como favorita; há outro contexto na feminina

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A Copa do Mundo está chegando, e, com ela, já começa a bater a ansiedade. Aliás, as Copas do Mundo estão chegando. Porque, se a do Qatar é logo ali, daqui a menos de um mês, a da Austrália e da Nova Zelândia começa em menos de um ano. E, pela primeira vez, o Brasil está tendo a oportunidade de ansiar pelas duas.

A gente sempre acompanhou todos os detalhes na expectativa pela Copa do Mundo masculina. Desde as Eliminatórias até o sorteio dos grupos. E nos acostumamos a seguir todos os passos da seleção masculina, os amistosos, as convocações e suas contradições, as críticas e elogios ao técnico. Até que, faltando pouco tempo para o pontapé inicial, inevitavelmente surge o papo na mesa de bar com aquele clássico: "E a seleção hein? Será que o hexa vem?".

Eu diria que tem chances de vir. O técnico da seleção brasileira no momento é o melhor na função em atividade no Brasil e tem nas mãos um time com talentos individuais que hoje jogam coletivamente. E tem variações que lhe permitem apostar em soluções distintas para as dificuldades que os jogos vão apresentar. Copa do Mundo é uma competição imprevisível, mas, quanto melhor você se prepara para ela, mais chance tem de ganhar. O Brasil está pronto.

Tite faz um bom trabalho na seleção brasileira - Anne-Christine Poujoulat - 26.set.22/AFP

Pensando na Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia, o cenário é outro. E, pela primeira vez, estamos tendo a chance de acompanhá-lo mais de perto. Nos ciclos anteriores, a seleção feminina se preparava sem que a gente ficasse sabendo. Não havia transmissão dos amistosos na TV aberta, nem do torneio classificatório (a Copa América), muito menos cobertura do sorteio dos grupos.

Vendo tudo bem de perto agora, somos mais críticos. Às vezes, exageradamente críticos, projetando para a seleção feminina o que esperamos da masculina (vencer sempre, sonhar com títulos). Mas o contexto é diferente –e esse talvez ainda seja desconhecido da maioria.

A seleção masculina sempre é apontada como favorita em qualquer torneio que dispute no futebol masculino. A tradição das cinco estrelas conquistadas desde 1958 ajudou a construir isso. Do outro lado, a seleção feminina também é muito respeitada mundo afora. Mas não tem a mesma tradição de conquistas. Até porque dependeu exclusivamente do talento quando não tinha o mínimo de incentivo e a briga não era por títulos, era simplesmente pelo direito de jogar.

Não fomos cabeças de chave no sorteio realizado no sábado –transmitido em TV aberta e fechada–, estamos na nona posição no ranking da Fifa e, atualmente, somos o lado mais fraco em qualquer disputa contra as principais seleções europeias ou contra os Estados Unidos (tetracampeões da Copa feminina). A zebra, por assim dizer.

Mas, no Grupo F da Copa de 2023, o Brasil é favorito para se classificar –só que como segundo lugar da chave. O time mais forte é a França. Normal seria a seleção brasileira perder para elas (nunca vencemos as francesas) e pegar possivelmente a Alemanha nas oitavas. Assim sendo, é provável que, pela terceira Copa consecutiva, paremos nessa fase.

Micaelly (24) e Tamires celebram gol em triunfo do Brasil sobre a África do Sul em amistoso realizado no mês passado - Phill Magakoe - 2.set.22/AFP

Só que há esperança. Pela primeira vez também, existe um trabalho mais sério e consistente à frente da seleção feminina, com uma treinadora bicampeã olímpica e referência no futebol feminino. Pia Sundhage comanda a renovação que já deveria ter começado há pelo menos uma década. E, com ela, o Brasil não é favorito, mas pode sonhar com a semifinal do Mundial.

Vencendo a França (difícil, mas longe de ser impossível), a seleção pega um caminho mais factível e poderia alcançar a semifinal de novo após 16 anos –da última vez, chegamos contra os EUA, goleamos e perdemos para a Alemanha para ficar com o vice em 2007. A diferença é que agora temos perspectivas reais de conquistar um título no futuro próximo.

Que venham as Copas!

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