O Brasil jogou bem, e Gana atuou mal no amistoso de Le Havre. O segundo gol é uma pintura de jogo coletivo, com 26 passes, sem que os ganeses nem sequer esboçassem marcar, sem nenhuma menção para desarmar.
Valeu pela carta de intenções de Tite, pela capacidade de roubar bolas no campo de ataque e pela paciência para trocar passes, também pela precisão nas jogadas ensaiadas que resultaram em um gol de Marquinhos e outro de Richarlison.
A Sérvia e a Suíça, rivais do Brasil na fase de grupos, também mostraram força. Os sérvios golearam os suecos por 4 a 1, os suíços venceram a Espanha, em Saragoça.
Há sete anos, a seleção brasileira disputou e perdeu a final do Mundial sub-20 para a Sérvia. Perdeu por 2 a 1, na prorrogação.
Daquele jogo, continuam cinco vencedores na equipe eslava, hoje dirigida por Dragan Stojkovic, meia da Iugoslávia na Copa de 1990 –perdeu a primeira cobrança da decisão por pênaltis contra a Argentina, nas quartas de final.
A Sérvia está mais forte do que há quatro anos, quando perdeu para o Brasil por 2 a 0, em Moscou. Joga com três zagueiros, linha de quatro no meio, para liberar Tadic como criador, atrás da dupla de ataque, formada por Mitrovic e Vlahovic. Atenção aos cruzamentos de Kostic. Não começou bem na Juventus, foi perfeito nos 4 a 1 sobre os suecos.
A Suíça está mais fraca, mas ganhou seus dois últimos compromissos, contra Portugal e Espanha. Os gols marcados contra os espanhóis nasceram de jogadas trabalhadas em escanteios, ambos cobrados para Akanji, o primeiro diretamente no meio da área, o segundo no primeiro pau, com o zagueiro do Manchester City ajeitando para finalização de Embolo.
Tem muita gente olhando para o que o Brasil pode fazer. A dois meses da Copa do Mundo, é muito importante observar os rivais e não apenas da primeira fase. Para trazer a taça, a seleção pode precisar vivenciar a trajetória mais difícil que já teve em um Mundial.
Sérvia na estreia e Suíça, na segunda rodada, serão adversários difíceis. Camarões perdeu para o Uzbequistão e não preocupa. Portugal ou Uruguai nas oitavas de final, Alemanha, Bélgica ou Espanha nas quartas, Argentina, Holanda ou Inglaterra nas semifinais, decisão contra a França.
Todas essas chances, a partir dos mata-matas, são especulativas. Jamais um campeão mundial teve de enfrentar quatro campeões em jogos eliminatórios para ganhar o troféu. A Argentina, de Maradona, jogou contra Itália, Uruguai, Inglaterra e Alemanha, mas pegou os italianos na fase de grupos.
A perspectiva seria ruim se o Brasil não estivesse crescendo. Está. Há bons jogadores, Neymar está em boa forma, existem variações táticas, e o time é moderno na forma de recuperar a bola no ataque.
Os elogios são justos, os rivais dos amistosos não servem como testes para a dificuldade prevista no Qatar.
Há duas armadilhas possíveis. Uma é a de superestimar a própria força brasileira, como em 2006, quando a seleção chegou à Alemanha certa de ter o melhor time do planeta e se esqueceu de trabalhar. A outra arapuca é alertar demais para as qualidades dos rivais e amedrontar-se com elas. O Brasil chegará forte a uma Copa sem favoritos. A seleção de Tite será uma das nove candidatas ao troféu.
CANDIDATOS
Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Holanda, Inglaterra e Portugal são candidatos. Vamos reduzir? Alemanha ganhou só um jogo grande, 5 a 2 na Itália. A derrota para a Hungria serve de alerta. Pode haver Alemanha x Brasil nas quartas.
LARANJA
Quem não era candidato há um ano e melhorou foi a Holanda. Pela qualidade de seus jogadores e pelo cruzamento, que terá Senegal, Qatar e Equador na fase de grupos e provável encontro contra Estados Unidos nas oitavas. O time é forte, o caminho, menos difícil.
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