Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Renata Mendonça
Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Brasil sem Neymar é desafio para novatos na Copa

Garotos da frente são capazes de resolver jogos, mas é muito mais fácil quando o camisa 10 está ao lado

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A seleção brasileira está classificada para as oitavas de final da Copa do Mundo. Dois jogos com adversários difíceis, que se fecharam e impuseram desafios enormes a uma seleção de novatos. Duas vitórias, três gols feitos, nenhum sofrido, e o saldo só não é mais positivo porque, no meio do caminho, o Brasil perdeu (por enquanto) sua maior referência técnica da última década.

O brasileiro, como de praxe, antes da Copa, parecia desconfiado; aí depois da estreia entrou no modo empolgou e achou que dali para frente seria só goleada e o hexa certo. Torcedores, calma. O meme resume bem o momento.

O Brasil estreou muito bem contra a Sérvia, é verdade, mas isso não significa que dali em diante seria só jogo fácil, tranquilo, sem emoção, sem apreensão. É Copa do Mundo, amigos, já diria Galvão Bueno. E parece que todo mundo esqueceu o impacto que Neymar tem na seleção brasileira.

O papo dos últimos dias foi de que o Brasil hoje tem um jogo coletivo muito forte e não é exclusivamente dependente de Neymar. Mas isso não significa dizer que ele não faria falta. Então vamos olhar para o jogo contra a Suíça sob o seguinte aspecto: dos 11 titulares que entraram em campo, 6 eram novatos em Copas do Mundo.

Militão (24 anos), Alex Sandro (31), Lucas Paquetá (25), Raphinha (25), Vinicius Junior (22) e Richarlison (25). Depois, ainda entraram mais estreantes: Bruno Guimarães (25) e Rodrygo (21), que resolveram o jogo, além de Antony (22) e Alex Telles (29).

Entre os jogadores ofensivos do Brasil no primeiro tempo, todos estão disputando sua primeira Copa do Mundo —e nesta segunda (28) tinham a função de resolver um jogo difícil sem o principal jogador da seleção e da geração deles em campo.

A ausência de Neymar tem um impacto enorme técnica, taticamente e até psicologicamente no jogo do Brasil. Não é sobre o seu gosto pessoal a respeito do atual camisa 10 da seleção, é sobre o jogo que ele cria e a liderança que exerce sobre seus companheiros novatos em campo.

Neymar tenta correr com a bola no meio de jogadores vestidos de vermelho
Neymar cercado por jogadores da Sérvia na estreia do Brasil na Copa do Mundo - Nelson Almeida - 24.nov.22/AFP

Neymar carrega a bola, atrai marcação, limpa as jogadas, gera jogo para quem está ao redor. Sem ele, a seleção usou mais cruzamentos do que costuma usar (25 a 17 contra a Sérvia) e não conseguia encontrar tantas tabelas por dentro, dependendo exclusivamente das bolas para Vinicius Junior partir muitas vezes marcado por dois jogadores.

O jogo começou a fluir muito melhor com as entradas de Bruno Guimarães e Rodrygo, este último com uma maturidade em campo que chama a atenção para um jovem de 21 anos. O menino que fez gol decisivo em fase final de Champions League pelo Real Madrid entrou sem sentir o peso da partida e da ausência do seu ídolo em campo. Foi dele o passe para o belo gol de Casemiro que resolveu a partida.

Experiente e na sua segunda Copa do Mundo, Casemiro fez mais uma partida consistente, protegendo o meio, auxiliando na construção do jogo e aparecendo na área quando faltava alguém que decidisse uma partida tão difícil. Atrás, Thiago Silva e Marquinhos também fizeram um jogo de altíssimo nível. A atuação deles permitiu que o Brasil saísse de mais um jogo sem sofrer gols.

Os garotos da frente são capazes de resolver jogos. Mas é muito mais fácil resolvê-los quando Neymar está em campo para ajudar e, principalmente, para tranquilizar. O camisa 10 é para eles o que o próprio Neymar não teve nessa década de seleção. Outros craques com quem pudesse dividir a responsabilidade para amadurecer com tempo, sem tanta pressão. A seleção com os novatos é muito promissora —mas com Neymar, aí sim, ela fica pronta para o hexa.

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