Winston Churchill disse famosamente que “a democracia era o pior de todos os sistemas com exceção dos outros” e ainda hoje é citado com admiração.
Bolsonaro concorda plenamente com a frase até à palavra “sistemas” e é xingado. A diferença são apenas quatro palavras a menos. É o suficiente para determinar que um seja um renomado estadista mundial e outro um reles antidemocrata?
As pessoas podem ser muito mesquinhas. Algumas dessas pessoas integram a organização Human Rights Watch.
Eles divulgaram um comunicado que dizia: “Bolsonaro critica com razão os governos cubano e venezuelano por violarem os direitos básicos da população. No entanto, ele celebra ao mesmo tempo uma ditadura militar no Brasil […]. É difícil imaginar um exemplo mais claro de dois pesos e duas medidas”.
Ora, ter dois pesos e duas medidas é questão de sensatez.
Se na rua alguém me abrir a barriga com uma lâmina, isso é um crime; mas se no hospital um médico fizer o mesmo, é medicina. São dois pesos e duas medidas.
Do mesmo modo, os povos cubano e venezuelano, que são dóceis e bons, não merecem uma ditadura. Mas para o povo brasileiro, que é malandro, a prisão e a tortura são medicinais. As ditaduras de esquerda são facadas na rua; as ditaduras de direita são tratamentos médicos com bisturi.
Há muita gente que não tem o palato educado para as ditaduras. São fracos sommeliers de regimes políticos. Dou outro exemplo: alguns apreciadores de golden shower devem ser denunciados no Twitter; com outros, a gente se reúne amigavelmente na Casa Branca. O mundo é complexo, gente.
Entretanto, Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, disse que o nazismo foi um movimento de esquerda. Algumas pessoas discordam. Por exemplo, todos os nazistas. Nenhum deles se diz de esquerda. Na verdade, eles abominam a esquerda.
Mas agora coloca-se o problema: se você discorda de Ernesto Araújo, você concorda com os nazistas. E quem concorda com nazistas costuma ser nazista. Ou seja: ou você é nazista, ou você é como Ernesto Araújo.
A vida não está fácil.
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