Robson Jesus

Viajante, empreendedor digital especializado em gestão de projetos e futuro recordista mundial ao visitar os 196 países do mundo

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Robson Jesus

O Butão e os mistérios da espiritualidade

Foram só dez dias, mas acho que entendi por que aquele é o país da felicidade

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Todas essas experiências que venho contando se iniciaram perto do término da pandemia de Covid-19, em junho de 2022. Muitos países ainda se encontravam sob restrições, ou em estado de quarentena. No entanto, eu já estava na Índia e, por conta desse contexto, a melhor opção foi seguir para o Butão. Denominado como país da felicidade, aparentou ser uma ótima proposta para a minha saúde mental naquele momento.


A fim de limitar a quantidade de turistas, seu governo estabeleceu uma taxa diária de aproximadamente US$ 250 dólares. Possivelmente, essa é a principal medida que preservou o
Butão do turismo de massa. Dada àquela circunstância do mundo, assim que eu cheguei ao aeroporto foi necessário ficar cinco dias em quarentena em um hotel no meio da floresta, e todos os dias eu refazia o teste de coronavírus.

Pois bem, a partir do sexto dia a minha visão começou a se expandir. Thimpu, capital do país, que até então se resumia a um quarto de isolamento, agora me apresentava o seu prédio da prefeitura e me foi possível ter acesso aos poucos infratores da região ao visitar o fórum.

Robson Jesus no Ninho do Tigre, no Butão - Robson Jesus/Folhapress

Assistir aos julgamentos em tempo real chamou a minha atenção, porque eu tinha em mente que o Butão era 100% seguro. Afinal, o próprio país ficou famoso ao implementar um índice chamado "FIB" (Felicidade Interna Bruta), uma espécie de censo que diagnostica o nível de felicidade dos moradores a partir das suas interpretações das situações cotidianas.

Em consequência disso, comecei a amadurecer a minha perspectiva, rejeitando agora a ideia de que a "felicidade" estaria somente relacionada à segurança pública. A minha curiosidade foi saber se de fato as pessoas eram felizes, e caminhando nas ruas passei a perguntar sobre o assunto.

Era unânime! As pessoas diziam que se sentiam felizes e admitiam isso alegando que a principal razão seria a de que o "país funciona". Isto é, seus serviços básicos, como escolas, hospitais, transportes e até mesmo ambientes públicos, incluindo parques, estavam de acordo com a vontade dos habitantes.

O colunista no Khamsum Yulley Namgyal Choeten, no Butão - Robson Jesus/Folhapress

Depois que fui informado de que os filhos dos ministros frequentavam as mesmas escolas da população e que todos usufruíam dos mesmos hospitais, passei a aceitar que a situação era real. Mas para que não restassem dúvidas, realizei o exame PCR utilizando esse serviço hospitalar e pude constatar a qualidade como um todo.

Após eu ter saído de quarentena, fiquei hospedado em um hotel cinco estrelas porque era o único pacote de tour disponível naquela data. No entanto, no meu oitavo dia conheci o senhor Jigme, uma pessoa super simpática e atenciosa. Durante nossa conversa perguntei se eu poderia passar uma noite na casa dele com sua família e expliquei que o meu objetivo era vivenciar um pouco a rotina de moradores locais. Ele me informou que morava em uma fazenda e que talvez não teria o conforto que estava à minha disposição. Mesmo assim, seguiu dizendo que se eu realmente quisesse eu seria bem recebido.

Sinceramente, foi uma noite surreal! Por conta dos momentos com aquela família, pude ter um contato mais direto com a culinária, tradição e hábitos locais. Aliás, até tomei banho com pedras quentes numa banheira feita de madeira!

No dia seguinte, acordamos cedo e caminhamos por quatro horas até o principal ponto turístico do país, o Ninho dos Tigres, na montanha de Paro. É um monastério ainda ativo, que reúne uma história riquíssima e ao mesmo tempo tem seus mistérios. Como de praxe, antes de entrar no Templo foi necessário guardar o celular nos armários que nos eram disponibilizados. Além dessa e outras orientações, nos foi pedido para utilizar calças a fim de cobrir os joelhos.

Já na parte interna, por conta da grande quantidade de dinheiro que é ofertada, as cédulas voavam pelo chão. A magia do momento fez valer todo o esforço da subida, e as cenas que eu via chegavam ao meu coração.

A espiritualidade daquele local é inexplicável…. No total, fiquei dez dias no país, mas acredito
que consigo entender o porquê de o Butão ser considerado o país da felicidade.

Eu no National Memorial Chhorten - Robson Jesus/Folhapress

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.