Rodrigo Zeidan

Professor da New York University Shanghai (China) e da Fundação Dom Cabral. É doutor em economia pela UFRJ.

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Rodrigo Zeidan

Lula presidente?

Se a opção for a barbárie, não é uma escolha difícil: esquerda é incompetente; extrema direita mata

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O ano era 2002. Inflação, crise energética e incerteza global rondavam o país. Com a economia indo mal, Lula emergiu como favorito para a disputa presidencial. O ano que vem repetirá o cenário de 2002, mas com uma crise muito mais profunda. Afinal, por pior que estivesse o país no início do século 21, vínhamos de um ciclo de reformas que acabaram com a hiperinflação e deveriam gerar frutos por anos. Agora, é diferente. Não só o próximo presidente pegará a economia destroçada, mas vai ter que lidar com a destruição institucional promovida por incompetentes conservadores que arrumam bilhões para seus projetos de estimação enquanto deixam à míngua milhões de brasileiros.

Como Lula é um dos principais candidatos, precisamos nos perguntar: há chance de um novo governo do PT dar certo? Felizmente, a resposta é sim, embora uma terceira via seja quase certamente melhor que a volta do lulopetismo ao poder.

Mas não dá para negar que de 2003 a 2007, muitas medidas econômicas do governo Lula foram boas. A megalomania e as péssimas decisões macroeconômicas, sem falar na corrupção, não podem ser esquecidas, mas nova carta aos brasileiros pode fazer com que tenhamos um mínimo de esperança se o PT voltar ao poder.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa - Lucio Tavora - 8.out.2021/Xinhua

Em particular, duas medidas são das mais importantes políticas econômicas da história brasileira recente: o Bolsa Família e o Prouni. O Bolsa Família chegou a quase erradicar a fome e a extrema pobreza no Brasil, enquanto o Prouni trouxe para o ensino superior, de forma eficiente, centenas de milhares de jovens que não teriam outra forma de continuar seus estudos.

Do ponto de vista macroeconômico, o tripé, composto de superávit primário, sistema de metas de inflação e câmbio flutuante, logo tirou a inflação dos dois dígitos e permitiu um crescimento sustentado da economia brasileira de 2003 a 2007, ajudado pelo superciclo das commodities.

Embora poucas, as reformas microeconômicas, como a minirreforma da previdência (de dezembro de 2003) e a lei de falências (de 2005) foram bem executadas, e com Marina Silva como ministra do meio ambiente, o combate ao desmatamento virou prioridade.

Obviamente, no final do mandato, o Programa de Aceleração da Corrupção (digo, do Crescimento) deu sinais do que estava por vir, um misto de megalomania com corrupção que levou à nova matriz econômica e trilhões de reais jogados pelo ralo; ganha um barril de petróleo quem gritar “O petróleo é nosso!” três vezes na frente do espelho.

O saldo dos governos petistas é negativo, mesmo sem considerarmos qualquer máquina de corrupção criada pelo partido. O sucesso inicial das medidas do primeiro governo Lula, mesmo o maravilhoso Bolsa Família, não tem como esconder que o governo petista entregou o país pior do que pegou. Mas progresso não é linear, e em várias áreas o país melhorou, através do governo, com o governo ou apesar do governo.

O mesmo não pode ser dito pelo atual regime. Os conservadores da economia jogaram o país em estagflação, secaram o Bolsa Família, e sugaram os parcos recursos da sociedade para dar aumento aos militares. Nos falta tudo, até comida. Só sobra cloroquina.

Uma volta de Lula ao poder seria algo bom para o país? Não. Mas se a alternativa for a barbárie, não é uma escolha difícil. A esquerda é incompetente. A extrema direita mata.

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