Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Descrição de chapéu Folhajus universidade

Justiça condena aluna que acusou professora do Mackenzie de racismo após ser reprovada

Docente diz ter sido caluniada e difamada pela estudante, que pode recorrer de pagar indenização de R$ 10 mil

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A estudante Michelle de Carvalho foi condenada pela Justiça paulista a pagar uma indenização de R$ 10 mil à professora de psicologia Mariana Aron, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A aluna pode recorrer.

Em 2020, a universitária acusou a professora nas redes sociais de racismo e perseguição após ter sido reprovada. "Querem que aceitemos o racismo calados, de joelhos, amarrados no tronco", afirmou. "Racistas otários nos deixem em paz."

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Entrada da Universidade Presbiteriana Mackenzie, na zona central de São Paulo - Zanone Fraissat - 18.nov.2014/Folhapress

A professora disse à Justiça que foi caluniada e difamada pela aluna e que construiu sua carreira com muito estudo, dedicação e respeito ao próximo, "sem nenhuma forma de discriminação".

Ela declarou no processo que a aluna foi reprovada pelo fato de o seu trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentar "trechos comprovadamente plagiados" e "por não ter atingido os requisitos mínimos necessários".

Afirmou também que a aluna compareceu a apenas quatro reuniões de orientação em um período de três meses e, ainda assim, com atrasos. Mencionou que o coordenador do curso também considerou que a reprovação se justificava do ponto de vista acadêmico. "É importante destacar que o coordenador está há 27 anos na universidade, e que também é homem preto", disse, defendendo a isenção da decisão pedagógica.

A estudante se defendeu no processo declarando que desempenhou suas atividades acadêmicas com "esmero e dedicação". Disse que, desde o começo, sentiu uma atitude "hostil" por parte da docente, que a obrigou a alterar seu tema de pesquisa e apresentou absoluta falta de empatia e flexibilidade para com os imprevistos da sua vida pessoal.

Afirmou que foi tratada de forma diferente em relação aos seus colegas e que a professora, em nenhum momento, lhe informou sobre os problemas ao receber as versões preliminares do seu trabalho de conclusão de curso. Disse que não cometeu plágio, mas, sim, erros de citação por "equívoco".

"Os fatos narrados fazem parte de um contexto mais complexo de compreensão de eventuais discriminações inconscientes permeadas pelo racismo institucional", declararam seus advogados à Justiça.

"A aluna tentou ser ouvida pelas vias institucionais, sem sucesso. Em um pedido de socorro, publicou em suas redes sociais a sua narrativa e o que entendeu ser permeado por racismo institucional ante às inconsistências já narradas em seu processo de reprovação."

O juiz Paulo Henrique Garcia disse na sentença que não ficou provado no processo "que o motivo da reprovação tenha sido a cor de pele da aluna". "As testemunhas não demonstraram que o motivo narrado pela aluna realmente era existente", afirmou.

O juiz destacou que outros estudantes foram reprovados na mesma disciplina, "não se tratando, pois, de motivação pessoal da professora".

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