Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Rogério Gentile
Descrição de chapéu Folhajus LGBTQIA+

Dono de imóvel é condenado por rejeitar alugar flat para casal gay

Segundo a decisão, passível de recurso, homofobia ficou comprovada por mensagens enviadas pelo locador à corretora

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O médico J.P.N. ficou atônito ao descobrir que não poderia entrar com a sua mudança no flat que acabara de alugar na alameda Ministro Rocha Azevedo, na região da avenida Paulista, em São Paulo.

O motivo ele descobriu ainda na porta do edifício ao questionar a corretora: o engenheiro agrônomo Charles Hachem El Helou, proprietário do imóvel, havia desistido de alugar o flat ao tomar conhecimento da sua orientação sexual.

0
Bandeira na Parada do Orgulho LGBTQIA+ na avenida Paulista, região onde fica imóvel que não foi alugado por causa da orientação sexual do inquilino - Eduardo Anizelli - 23.jun.19/Folhapress

A homofobia ficou comprovada por mensagens enviadas pelo locador à corretora, posteriormente anexadas ao processo judicial aberto pelo médico:

"São dois gays? Não posso fechar para um casal gay. Para esse tipo de cliente gay eu não quero alugar. Gay e traveco não dá. Não posso alugar para viados", escreveu nas mensagens.

O episódio ocorreu em fevereiro de 2021.

O médico, que registrou a ocorrência na polícia, disse ter passado por uma situação humilhante e vexatória em público, tendo sido vítima de uma discriminação homofóbica.

"A justificativa do réu [o locador] para a desistência do negócio atingiu diretamente a honra e a dignidade do autor do processo", afirmou à Justiça o advogado Marcelo Onha Tosoni, que representa o médico.


No último dia 25 de julho, a juíza Claudia Guimarães dos Santos condenou o engenheiro agrônomo a pagar uma indenização de R$ 30 mil ao médico por danos morais, valor que ainda será acrescido de juros e correção monetária.

"Houve um ato discriminatório que ofende o princípio da dignidade da pessoa humana", afirmou a juíza na decisão.

Helou foi citado por um oficial de Justiça, mas não apresentou defesa.

Ele ainda pode recorrer.

A Folha não conseguiu localizá-lo.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.