É escritor e jornalista. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Escreve às segundas,
quartas, sextas e sábados.
O nosso Google
Letícia Pontual-30.abr.2008/Folhapress | ||
O pesquisador musical Jairo Severiano posa para foto com alguns discos de sua coleção |
RIO DE JANEIRO - Há dias, em seu programa "MPB Com Tudo Dentro" no YouTube, Rodrigo Faour tirou-me as palavras da boca ao entrevistar Jairo Severiano e chamá-lo de "o seu Google" —de quando ainda não havia o Google e nenhuma enciclopédia era tão completa e confiável quanto as informações que Jairo, se solicitado, dispunha-se generosamente a oferecer. Só posso subscrever o que Rodrigo falou e perguntar: se ele e eu somos "pesquisadores da música popular", como classificar Jairo Severiano?
Em se tratando da música brasileira, há os que se dedicam à floresta, à árvore ou à folha, raramente às três juntas. Jairo atua em todas —domina a história geral da disciplina, discorre sobre as várias tendências de cada fase e conheceu ou foi amigo de muitos que fizeram parte delas. E há os que dissecam a música ignorando que o veículo disco pode ter sido decisivo para estabelecer tendências e mesmo gêneros. Também neste departamento devemos tudo a Jairo, um dos autores (os outros, o paulista Alcino Santos, o potiguar Gracio Barbalho e o cearense Nirez) da "Discografia Brasileira 78 rpm —1902-1964", em cinco volumes, lançada pela Funarte em 1982.
Jairo, nascido em Fortaleza, criado no Recife e, desde 1950, cidadão do Rio, completará 91 anos em 20 de janeiro (é cinco dias mais velho que Tom Jobim e oito que Lucio Alves). Houve um tempo em que a melhor música era também a mais popular e, como ele levou a vida escutando-a, isso talvez explique sua invejável vitalidade.
Com toda a sua bagagem, Jairo poderia pontificar, ditar regras. Mas, não —sempre dá ao interlocutor a sensação de que este está lhe dizendo algo que nunca tinha lhe ocorrido. Ao fim da conversa, o interlocutor se dá conta de que saiu mais rico do que ao entrar.
Hoje há o Google, mas não abrimos mão de Jairo Severiano.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade