Um “operador financeiro” ligado ao PSDB, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi preso pela Lava Jato, sob suspeita de manter agentes públicos e políticos felizes ao misturar o departamento de propinas da Odebrecht com os negócios pesados de estradas e transportes pelos governos tucanos em São Paulo. Esta é a terceira prisão de Paulo Preto. Desta vez, a Lava Jato pretende processá-lo em Curitiba, para poupar ao ministro Gilmar Mendes, do STF, o trabalho de soltá-lo como fez nas outras duas vezes.
Adir Assad, o doleiro com quem Preto trabalhou, foi quem o entregou. Revelou que, além de contas
na Suíça, imóveis, lanchas, hotéis e outros bens, Preto tinha dois bunkers em São Paulo para estocar dinheiro em espécie, num total de mais de R$ 100 milhões —quase o dobro do encontrado no apartamento de Geddel Vieira Lima em Salvador. E contou que, temendo que o dinheiro mofasse, Preto tirava-o das malas e dos fundos falsos e o botava para tomar sol perto da janela, em lotes periódicos.
Preto fazia muito bem. É assim que se trata dinheiro guardado em casa. Embora só trabalhe com notas novas ou recém-circuladas e de valores altos —afinal, nossos corruptos têm um nome a zelar—, o fato de ser dinheiro lavado torna as cédulas passíveis de bolor, ainda mais em apartamentos úmidos e sem ventilação.
No passado, quando nosso dinheiro era impresso em Londres pela firma Thomas de La Rue, o problema não existia. Era feito de fibra de algodão e linho, e devia resistir bem até à lavagem física. Mas, depois que passou a ser rodado aqui na Casa da Moeda, ninguém garante que, se for deixado em recintos abafados, os bichos não o ataquem imediatamente.
Cem milhões de reais, mesmo que em notas de 100, são 1 milhão de notas. Ponha-se no lugar de Paulo Preto e experimente guardar 1 milhão de notas de 100 em sua casa para ver se é fácil.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.