Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro
Descrição de chapéu senado

Flávio na frigideira

Sempre que o torniquete aperta o pescoço de seu filho, Bolsonaro consegue desviar a atenção

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Foi divertido seguir as eleições e ver os candidatos de Jair Bolsonaro sendo surrados nas urnas. E mais cômico ainda apreciar seu contorcionismo para se afastar dos derrotados, fingindo que não trabalhou por eles —o que não apenas fez como usou os canais oficiais, a estrutura do governo, o Alvorada e demais bens da União pagos com nosso dinheiro. Bolsonaro fez isto porque, para ele, não há ilegalidade possível.

Daí estar sendo delicioso acompanhar a investigação do Ministério Público do Rio sobre seu filho Flávio Bolsonaro, cuja carreira política, rica em dinheiros subitamente creditados, inéditas transações imobiliárias, eficientes lavanderias financeiras e um invejável aumento de patrimônio, chegou ao estágio da denúncia. Se a Justiça seguir seu curso, a próxima qualificação de Flávio Bolsonaro constará de três letrinhas: réu.

O processo lembra em volume uma das antigas listas telefônicas e a denúncia, de 50 páginas, descreve um desvio de R$ 6 milhões da Alerj por meio de nomeações de funcionários fantasmas em cargos comissionados. Sem precisar sequer botar o paletó na cadeira, esses fantasmas teriam devolvido a quase totalidade de seus salários —a “rachadinha”— ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro, através de Fabrício Queiroz.

E, a esta altura, não adiantará a Flávio botar a culpa em Queiroz com a concordância deste. O MP concluiu que o esquema durou anos e é impossível a um subordinado sustentá-lo por tanto tempo sem o chefe saber. O fato é que Flávio Bolsonaro periga ter de devolver os apartamentos e salas que comprou, sem falar no atual mandato de senador, que, aliás, nunca exerceu, e pegar uma boa grade.

Sempre que vê o torniquete apertar o pescoço de seu filho, Jair Bolsonaro vai para o sacrifício e diz um absurdo para distrair a atenção. E sempre consegue. Mas, agora, o fantástico show da vida é Flávio na frigideira.

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) durante cerimônia no Dia da Independência, em Brasília
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) durante cerimônia no Dia da Independência, em Brasília - Pedro Ladeira - 7.set.2020/Folhapress

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