Coluna recente (18/4), sobre se “West Side Story” (1961) seria páreo para “Cantando na Chuva” (1952) como o maior musical do cinema, levou leitores a defender seus próprios favoritos. Na verdade, invejo os que têm posição firmada. Depois de uma vida assistindo a quase tudo feito no gênero, de “O Príncipe Estudante” (1924) a “La La Land” (2016), nunca tive um nº 1. Se às vezes cito “Cantando na Chuva”, é para não desapontar os que o acham o maior —e talvez seja mesmo.
Mas poderia ser também “Desfile de Páscoa” (1948), “Sinfonia de Paris” (51), “A Roda da Fortuna” (53), “Dá-me um Beijo” (54) ou “Meias de Seda” (57), apenas entre os da MGM da era de ouro. E os de outras eras: os filmes com Jeanette MacDonald e Nelson Eddy, principalmente “Primavera” (37); os com Eleanor Powell (as “Melodias da Broadway” de 1936, 38 e 40, e “Se Você Fosse Sincera”, 41); a série Judy Garland-Mickey Rooney (“O Rei da Alegria”, 40, “Calouros na Broadway”, 41, e “Louco por Saias”, 42); a com Esther Williams (“Escola de Sereias”, 44, “A Filha de Netuno”, 49, e “A Favorita de Júpiter”, 54); e muitas obras-primas avulsas, como “Uma Cabana no Céu” (43), “Ama-me ou Esquece-me” (55), “Alta Sociedade” (1956). E uma constelação de musicais “menores”, mas ainda maiores que os da concorrência.
Não que não houvesse grande música fora da MGM. Vide a série Fred Astaire-Ginger Rogers na RKO, as extravagâncias de Busby Berkeley na Warner e as delícias de Betty Grable, Alice Faye e Carmen Miranda na Fox. E o que dizer de “Nasce uma Estrela” (54), “Eles e Elas” (55) e “Cinderela em Paris” (57)? O prazer não tem fim. Tudo isso, dizem, está na internet.
Ah, sim, “O Príncipe Estudante”, de 1924, com Ramón Novarro. Havia musicais no cinema mudo, acredita? Eram baseados em operetas que todos sabiam de cor e, quando os cantores abriam a boca na tela, a plateia “cantava” mentalmente por eles.
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