Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro
Descrição de chapéu conflitos da eleição

O Brasil a que queremos voltar

Por razões higiênicas, a carta a ser lida ao país omite o nome de Bolsonaro

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Nesta manhã de quinta (11), das vozes de homens dignos, escutaremos a carta dirigida ao povo brasileiro em defesa da democracia e da lisura das urnas. Sua leitura será replicada pelo país e acompanhada de atos convocados por organizações da sociedade civil, centrais sindicais e entidades estudantis. Ao ser lida, já deverá ter sido assinada por 1 milhão de brasileiros, cada qual valendo por muitos. É o grito da nação contra o abjeto estado de coisas a que fomos reduzidos. A carta foi redigida com grande escolha de palavras e, talvez por razões higiênicas, não cita o nome de quem nos rebaixou à infâmia que vivemos.

Neste espaço, infelizmente, precisamos citá-lo. Bolsonaro nos rebaixou ao seu subnível de esgoto —o mesmo a que atirou os milhões de brasileiros a quem só resta assaltar caminhões de lixo em busca de comida. Outros ele tenta envenenar com sua histeria místico-ideológica com a qual prepara o caminho para a verdadeira ditadura, a implantar num segundo mandato. E a todos nos submete à sua pornografia diária —moral, ética, verbal.

Pessoas são flagradas recolhendo alimentos de caminhão de lixo na região central do Rio - Onofre Veras/TheNews2/Agência O Globo

Se o estilo é o homem, o de Bolsonaro e o dos seus estão em cada palavra que ele expele. Outro dia, falou ao podcast Flow sobre sua admissão de que, mesmo tendo imóvel próprio em Brasília, usava seu apartamento funcional de deputado para "comer gente". "Cheguei em casa, minha mulher me comeu com os olhos, [me deu] esporro, mijada. ‘Como você me fala um negócio desses?’. Ela tem razão, aloprei, falei merda." Bolsonaro falar merda é normal, mas somos obrigados a imaginar atos tão íntimos da primeira-dama?

No mesmo podcast, ele declarou: "Não estou interessado nisso [na PEC da anistia]. Vão falar que estou pedindo arrego, ‘peidou na farofa’. Não quero essa imunidade."

Este é Bolsonaro, o que não peida na farofa. Mas o Brasil a que pertencemos e queremos voltar está na carta que em breve ouviremos.

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